VALORIZANDO A PERCEPÇÃO DE MILITARES QUANTO AOS RISCOS E ESTRATÉGIAS PARA PRESERVAÇÃO AUDITIVA NO AMBIENTE DE TRABALHO
Heupa, A.B. ;
GONÇALVES, C.G.O. ;
LÜDERS, D. ;
Introdução: No desenvolvimento de programas de preservação auditiva, é importante que se investigue a percepção do trabalhador sobre seu trabalho, riscos auditivos que ele acredita estar exposto e efeitos que isso pode gerar. Estudos referem que policiais militares tem conhecimento dos riscos auditivos que estão expostos quando se trata do ambiente, porém, ocorre uma certa resistência quando se trata de modificar atitudes em relação a estes riscos. Objetivo: explorar crenças e conhecimentos de policiais militares de unidades especializadas sobre os riscos auditivos da exposição ao ruído. Método: Estudo transversal analítico de abordagem qualitativa, realizado com militares de uma cidade da região sul brasileira. Foram convidados todos os militares de quatro unidades: apoio com motocicleta (ROCAM), operações aéreas (BPMOA), salvamento tático (GOST) e operações especiais (BOPE). Foi realizado um grupo focal com doze voluntários sorteados (três representantes de cada unidade), de forma online através da plataforma Teams, sendo gravado e transcrito para análise de conteúdo a partir de três questões norteadoras sobre exposição ao ruído, percepção do impacto do ruído e estratégias para diminuir esse impacto. A análise de conteúdo seguiu as etapas de pré-análise (organização do material e sistematização das ideias iniciais); exploração do material (com codificação e categorização); e tratamento dos resultados (inferências e interpretações qualitativas). Resultados: Dos doze policiais sorteados, 10 participaram da reunião: dois do BOPE, dois do BPMOA, três do GOST e três da ROCAM. Emergiram da análise de conteúdo quatro principais categorias. (Categoria - A) Atividades Otoagressivas, dividida em cinco subcategorias: (A1) Fontes ruidosas laborais (sirenes, prática de tiro, aeronaves, motocicletas, rádio operadores, equipamentos, policiamento em eventos e ambiente da unidade ruidoso); (A2) Situações hiperbáricas (prática de mergulho); (A3) Interação de fontes ruidosas; (A4) Habituação ao ruído (crença de que a constante exposição deixa o ruído menos ameaçador); (A5) Fontes ruidosas não laborais (fones de ouvido para música e uso de ferramentas ruidosas) . (Categoria - B) Protetores Auditivos, dividida em duas subcategorias: (B1) Crenças de proteção auditiva; (B2) Formas de uso de proteção auditiva. (Categoria - C) Efeitos da exposição ao ruído, dividida em três subcategorias: (C1) Efeitos após a jornada de trabalho (zumbido e estresse); (C2) Prejuízos da exposição ao ruído extra laboral (perda auditiva pelo uso de fones de ouvido); (C3) Percepções sobre efeitos com o tempo de serviço. (Categoria – D) Estratégias e soluções além da proteção auditiva. Conclusão: De forma geral os militares representantes têm conhecimento sobre os ruídos a que estão expostos e seus efeitos na saúde auditiva, nota-se uma certa habituação a esta exposição o que a torna menos ameaçadora. A técnica do grupo focal possibilitou um entendimento mais aprofundado sobre exposição ocupacional por parte dos participantes, visto que a interação com colegas de distintas unidades proporcionou a identificação de experiências e desafios. Trouxe ainda informações que tornam possíveis a personalização das atividades em saúde auditiva com militares destas unidades especializadas.
DADOS DE PUBLICAÇÃO