PEIXE ZEBRA COMO MODELO ANIMAL PARA PESQUISA NO ESTUDO DA OTOTOXIDADE: UMA REVISÃO DE LITERATURA
Cunha E.O ;
Saul, D.A ;
Machado. M.S ;
Dallegrave, E. ;
Introdução: Os modelos animais são importantes alternativas em estudos de ototoxicidade, pois reduzem o viés na pesquisa humana e permitem uma melhor compreensão dos mecanismos de ação de substâncias na audição. O peixe-zebra tem sido um modelo animal importante no estudo da triagem de substâncias ototóxicas, pois possui células ciliadas nos neuromastos da linha lateral que são estrutural e funcionalmente semelhantes às células ciliadas da orelha interna humana. Esse modelo animal tem sido usado como triagem de medicamentos, agentes ototóxicos ou otoprotetores. Apesar de seu uso reconhecido com medicamentos, ainda precisamos entender como ele é usado com outros xenobióticos que prejudicam a audição humana. Objetivo: Esta revisão narrativa da literatura tem como objetivo identificar evidências existentes e entender o uso do peixe-zebra como modelo animal em estudos que exploram os efeitos de substâncias químicas na audição. Métodos: A revisão foi desenvolvida em três fases: identificação de estudos, seleção de artigos, análise e síntese dos dados. Uma busca abrangente foi realizada nas bases de dados Cochrane, Medline e Web of Science, utilizando termos específicos relacionados ao tema. Após, os critérios de inclusão foram aplicados e a seleção dos artigos foi realizada. Por fim, os artigos selecionados foram submetidos a uma análise crítica, com os dados sendo sintetizados e organizados conforme os principais achados emergentes. Resultados: Um total de 11 artigos foram selecionados seguindo critérios de inclusão. Os achados indicam um efeito global significativo da exposição a xenobióticos nas células ciliadas do peixe-zebra. Os xenobióticos incluem metais pesados, dimetilsulfóxido (DMSO), metanol, polietileno glicol 400, nanopartículas de prata (AgNP), bifenilos policlorados (PCBs), bisfenol A (BPA), cafeína, sulfato de cobre, diclorvós, 2,4-dinitrotolueno, 4-nonilfenol, ácido perfluorooctano sulfônico, álcool, nicotina, etanol, agente antiembaçante, tolueno, NaCl, KCl, NaHCO3, CaCl2, metilmercúrio (MeHg) e cádmio. A revisão destaca a heterogeneidade nos protocolos, tempos de exposição a diferentes substâncias e a falta de estudos sobre substâncias não farmacêuticas. Conclusão: Os dados confirmam que, apesar das diferenças entre a audição humana e a do peixe-zebra, as células sensoriais do peixe-zebra são um modelo adequado para triagem dos efeitos de xenobióticos e para ampliar o conhecimento sobre os mecanismos de danos a orelha interna induzidos por xenobióticos. Além disso, nossa revisão destaca a necessidade de novos estudos com um protocolo experimental consensual.
Palavras-chave: peixe-zebra; xenobióticos; ototoxicidade.
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