AVALIAÇÃO PSICOACÚSTICA DO ZUMBIDO EM PACIENTES DE UM AMBULATÓRIO DE OTOLOGIA EM HOSPITAL TERCIÁRIO
Ferracine, F. R. ;
Lunardelo, P. P. ;
Cerneiro, C. G. ;
Simões, H. O. ;
Zanchetta, S. ;
Introdução: O zumbido é caracterizado como a percepção de um ou mais sons sem que haja uma estimulação acústica externa. Tal sintoma pode se manifestar em qualquer faixa etária e possui etiologia multifatorial. Sua investigação, medição e tratamento, por vezes, pode ser dificultada devido à subjetividade que apresenta, sendo um problema de saúde pública e fator impactante no bem estar e qualidade de vida. Objetivo: realizar avaliação psicoacústica dos portadores de zumbido e estruturar - elaborando e aplicando - um protocolo de acufenometria em um hospital de nível terciário. Métodos: Estudo transversal observacional, composto por 25 pacientes adultos, de ambos os sexos, avaliados no Ambulatório de Zumbido no CEOF do HCFMRP-USP. Aprovado pelo CEP institucional, CAAE 67776423.2.0000.5440. Realizou-se a aplicação dos questionários: Amsterdam Inventory for Auditory Disability and Handicap (Pt-AIADH) e Tinnitus Handicap Inventory (THI), além da avaliação audiológica e psicoacústica, composta por Audiometria Tonal Limiar, Limiar de Reconhecimento de Fala, medidas de imitância acústica, acufenometria, Audiometria de Altas Frequências (AAF), Escala Analógica Visual (EVA) e limiar de desconforto. Foram incluídos sujeitos com zumbido bilateral, normo-ouvintes ou com perda auditiva sensorioneural de grau leve, com escore dentro da normalidade no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM-2) e presença de reflexo acústico contralateral bilateralmente. Foi conduzido uma análise de correlação entre as variáveis com teste de Spearman. Resultados: Participaram 16 mulheres e nove homens, de 21 a 70 anos. Os zumbidos mais prevalentes foram: apito, cigarra e grilo. O pitch mais comum foram os agudos e o estímulo foi o tom puro. Existiu tendência estatística entre o Pt-AIADH e o fator idade (p = 0,0966; r = 0,3397), e entre idade e EVA do zumbido (p = 0,0924; r = 0,3438). Não houve correlação entre o THI e a média da melhor orelha (p = 0,6161; r = -0,1054), nem entre idade e THI (p = 0,9700; r = -0,007917), bem como entre frequência e nível de sensação zumbido para com o THI (p = 0,2415; r = 0,2431) e EVA (p = 0,5208; r = 0,1347). Foi positiva a correlação entre THI e EVA (maior incômodo, maior impacto na qualidade de vida) (p = 0,0013; r = 0,6055) e entre a intensidade do zumbido com a EVA (maior intensidade, maior incômodo) (p = 0,0500; r = 0,3961). Conclusão: A acufenometria revelou heterogeneidade nos resultados devido à subjetividade do zumbido. A correlação significativa entre THI e EVA, destaca o impacto do desconforto causado pelo zumbido na qualidade de vida. Ainda, a complexidade da relação entre zumbido e perda auditiva neste estudo ressalta a necessidade de protocolos padronizados.
DADOS DE PUBLICAÇÃO