AUTORRELATO VS. MEDIDA PSICOACÚSTICA NA INVESTIGAÇÃO DA HIPERACUSIA EM ADULTOS SEM PERDA AUDITIVA E SEM QUEIXA: ESTUDO DE UM QUESTIONÁRIO
Utyama, A. Y. ;
Lunardelo, P. P. ;
Simões, H. O. ;
Zanchetta, S. ;
Introdução: A hiperacusia é um transtorno da percepção auditiva caracterizado como uma intolerância ao loudness para sons presentes no dia-a-dia. Esta condição é considerada heterogênea e uma das justificativas para isto é a falta de uniformidade no emprego do termo e das ferramentas utilizadas para sua investigação. Atualmente são duas as ferramentas mais utilizadas, o limiar de desconforto – considerada padrão ouro – e os questionários, dentre eles o Hyperacusis Questionnaire (Questionário de Hiperacusia - QH). Objetivo: Caracterizar as respostas do Questionário de Hiperacusia e dos limiares de desconforto, além de determinar a reprodutibilidade das duas ferramentas. Metodologia: Estudo aprovado pelo CEP institucional, CAAE 71381523.5.0000.5440. A casuística foi composta por 21 sujeitos, de 18 a 39 anos de idade, sendo 11 do sexo masculino e 10 do sexo feminino. Todos os sujeitos realizaram: a) audiometria tonal limiar; b) rastreio do estado de consciência mental (Mini-Exame do Estado Mental - MEEM-2); c) investigação da autopercepção de dificuldade auditiva (Amsterdam Inventory for Auditory Disability and Handicap versão em português brasileiro - Pt-AIADH); d) investigação quanto a sintomas de ansiedade e depressão (The Hospital Anxiety and Depression Scale - HADS); e) investigação de sintomas de HPA com o HQ; e) pesquisa do limiar de desconforto (LD). Resultados: A casuística não apresentou dificuldade auditiva através da pontuação do Pt-AIADH, porém foi possível constatar comportamento de ansiedade na população através do HADS. O LD variou de 48 a 120 dB NA com valores médios acrescidos do desvio padrão de 61,6 a 82,4 dB NA. Ainda, para o LD, houve diferença dos valores entre as frequências (p < 0,0001); a análise multivariada entre as frequências mostrou que o LD da frequência de 0,25k Hz foi significativamente maior em relação as demais frequências, com exceção de 4k Hz (0,5k Hz p = 0,0003; 1k Hz p< 0,0001; 2k Hz p= 0,0003; 3k p= 0,0081; 4k p= 0,9766; 6k p< 0,0001; 8k p< 0,0001); outro resultado que pode ser destacado foi que a partir de 4 kHz, todos os LD das demais frequências foram diferentes, de forma significativa, em relação as outras frequências, inclusive entre elas mesmas. Para o QH, o escore total computando a média mais o desvio padrão atingiu 12,5 pontos. Conclusão: Em indivíduos adultos com idades entre 18 à 39 anos, normo-ouvintes e sem queixa de HPA o escore para o HQ foi menor em relação ao proposto para a identificação do sintoma; os LDs foram menores que o proposto pela literatura e diferentes entre as frequências. Os dois instrumentos apresentaram boa reprodutibilidade.
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