OTOTOXICIDADE EM ONCOLOGIA: DADOS PRELIMINARES DE UM ESTUDO DE COORTE
Peruch, C.V. ;
Machado, M.S. ;
Goulart, F.O. ;
Roglio, V.S. ;
Martins, V.B. ;
Dallegrave, E. ;
Introdução: Os sintomas de ototoxicidade nem sempre são percebidos pelos sujeitos submetidos à quimioterapia. A maneira mais adequada de detectar possíveis alterações é monitorar diretamente a função auditiva. As Emissões Otoacústicas por Produto de Distorção (EOAPD) são frequentemente utilizadas para esse fim devido à sua objetividade e praticidade no ambiente hospitalar com pacientes em condições limitantes de saúde. Objetivo: Comparar os resultados das EOAPD antes e depois do tratamento quimioterápico em pacientes adultos de um serviço de oncologia. Metodologia: Foi realizado um estudo de coorte prospectivo, composto por 153 indivíduos em tratamento quimioterápico entre abril de 2022 e março de 2023. Todos os sujeitos foram submetidos a inspeção do meato acústico externo e exame de EOAPD realizado nas frequências 2kHz, 4kHz, 6kHz, 8kHz, 10kHz e 12kHz em ambas as orelhas (AO), utilizando-se o equipamento OtoreadClinical® da marca Interacoustics®. A avaliação ocorreu em dois momentos, sendo que a primeira (T1) ocorreu imediatamente antes do início do tratamento quimioterápico e a segunda (T2) foi realizada entre 30 e 90 dias após a finalização do protocolo de tratamento (no momento da consulta médica de retorno do paciente).Os resultados da comparação entre respostas em T1 e T2 por faixa de frequência foram estudados de duas formas: a) análise binária de presença/ausência de resposta; b) em sua integridade numérica, comparando possíveis reduções no valor numérico de resposta. Resultados: A amostra foi composta por 153 sujeitos (306 orelhas), predominantemente do sexo feminino (65,3%). Foi observada ausência de respostas nas frequências de 6 kHz e 8 kHz na orelha esquerda e em 8 kHz, 10 kHz e 12 kHz na orelha direita (p-valor<0,05), demonstrando redução significativa nas EOAPD em AO. De forma geral, pode-se observar redução na presença de respostas em todas as frequências testadas, exceto em 2 kHz bilateralmente. O percentual de indivíduos que tiveram redução de pelo menos 2 dB na relação Sinal/Ruído quando comparados os exames pré e pós-quimioterapia foi de pelo menos 38% na frequência de 4kHz, chegando a 58% nas frequências de 10 kHz e 12 kHz. Ao comparar a amplitude das EOAPD antes e depois da exposição, as respostas na frequência de 6 kHz mostraram importante redução em ambas as orelhas (p<0,05), indicando a redução progressiva e decrescente também encontrada em outros estudos. Os diferentes critérios para redução da amplitude das EOAPD por ototoxicidade presentes na literatura não seguem um consenso. Desta forma, o presente estudo se propôs a realizar uma análise de múltiplos fatores que pudessem fornecer indicativos de ototoxicidade. Conclusão: Verificou-se redução das respostas das EOAPD após exposição à quimioterapia em grande parte dos sujeitos avaliados, sendo a frequência de 8 kHz a mais afetada bilateralmente. Portanto, destaca-se a relevância do monitoramento auditivo destinado a indivíduos em tratamento quimioterápico.
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