POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO DE TRONCO ENCEFÁLICO NA IDENTIFICAÇÃO DA SINAPTOPATIA AUDITIVA: REVISÃO DE ESCOPO
GARRIDO, S. R. T. ;
MATOS, H. G. C. ;
NADER, M. J. M. ;
CARDOSO, M. J. F. ;
ALVARENGA, K. F. ;
JACOB, L. C. B. ;
A sinaptopatia auditiva, caracterizada pela disfunção entre as células ciliadas internas (CCI) e as fibras nervosas auditivas, impacta a transmissão de sinais sonoros para o cérebro e este processo de interrupção sináptica antecede alterações nos limiares auditivos tonais. As alterações no registro do Potencial Evocado Auditivo do Tronco Encefálico (PEATE), como redução na amplitude da Onda I, aumento de latência e intervalos interpicos, estão associadas a essa patologia complexa. Contudo, a falta de uniformização nas alterações desta condição e nos parâmetros para registro do PEATE apresentam desafios. Nesse contexto, a pergunta norteadora é: Quais são as modificações observadas nos registros do PEATE em indivíduos diagnosticados com sinaptopatia, em comparação com aqueles com audição normal, e quais são os parâmetros relevantes? O objetivo deste trabalho foi realizar uma revisão de escopo para investigar as alterações identificadas no registro do PEATE em humanos e/ou animais, buscando identificar lacunas de conhecimento relacionadas ao diagnóstico da sinaptopatia auditiva. Seguiu as diretrizes do PRISMA-ScR e o Checklist Prisma. A questão clínica seguiu a estratégia PCC (População, Conceito e Contexto), conforme protocolo Joanna Briggs Institute, P - Humanos e/ou animais de ambos os sexos, sem restrição de idade diagnosticados com sinaptopatia; C - Alterações nos registros do PEATE; C - Comparar as diferenças dos protocolos do PEATE. As bases de dados consultadas foram: Cochrane Library, LILACS, Scopus, BVS e PubMed de agosto a novembro de 2023, sem restrição de período. Palavras-chave em português e inglês, derivadas dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) e do MeSH (Medical Subject Headings), foram combinadas com o indicador booleano OR, incluindo "Potenciais Evocados Auditivos do Tronco Encefálico", "Sinaptopatia", "PEATE”, “Synaptopathy” e “ABR” (Auditory Brainstem Responses). Um total de 4.579 artigos identificados, 1.435 foram eliminados como duplicatas, resultando em 3.144 artigos. Desses, 3.019 foram removidos por não atenderem à pergunta de pesquisa. Após triagem de títulos e resumos por dois avaliadores, 125 artigos foram submetidos à revisão de um terceiro devido a divergências. Assim, 34 artigos foram selecionados para leitura completa, com 14 estudos incluídos na revisão. Os resultados indicam que, ao utilizar estímulo clique, polaridade alternada e intensidade entre 70–100 dB nHL, houve consistente redução na amplitude das Ondas I e V, associada a aumento na latência da Onda V pós-exposição ao ruído. Estudos com animais, utilizando o PEATE-Clique, evidenciam sua sensibilidade na identificação de alterações sinápticas. A variabilidade nos parâmetros do exame , como a taxa de apresentação, influencia os resultados do PEATE, destacando a importância de protocolos padronizados. Esses estudos reforçam a eficácia do PEATE-Clique na identificação da sinaptopatia coclear, particularmente após exposição frequente a estímulos intensos. Conclui-se que estudos confirmam haver mudanças significativas no PEATE associadas à sinaptopatia auditiva em humanos e animais, indicando um exame importante para o diagnóstico diferencial desta patologia. Em relação às lacunas observou-se a complexidade das respostas auditivas individuais, a heterogeneidade da população e das diferentes metodologias utilizadas. Diante desses achados, é necessário ter cautela ao interpretar os resultados exigindo investigação mais abrangente para detectar de forma confiável a sinaptopatia auditiva.
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