O PROCESSAMENTO AUDITIVO EM INDIVÍDUOS COM TRANSTORNO DO DÉFICIT DE ATENÇÃO COM HIPERATIVIDADE
CARVALHO, L. P. ;
MATOS, T. S. ;
SILVA, I. M. C. ;
OLIVEIRA, T. C. G. ;
PEREIRA, V. R. C. ;
Introdução: O processamento auditivo refere-se à forma como o cérebro interpreta e compreende as informações sonoras recebidas. Quando há alteração ou dificuldade nas habilidades de recepção, análise e processamento da informação auditiva, caracteriza-se o Transtorno do Processamento Auditivo Central (TPAC), que pode ocorrer em comorbidade à outros transtornos, como o Transtorno de Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH). O TDAH apresenta sintomas de dificuldades persistentes de atenção, hiperatividade e impulsividade. A associação entre estes sintomas pode complicar o quadro clínico, os processos de diagnóstico e o tratamento, com impactos acadêmicos, sociais e emocionais. Deste modo, o diagnóstico diferencial é fundamental para compreender melhor os processos auditivos e sua interação com as dificuldades de atenção e hiperatividade, almejando uma terapêutica eficaz. Objetivo: Realizar levantamento bibliográfico e verificar associação entre alterações no processamento auditivo e TDAH. Metodologia: Foi realizada uma revisão de literatura em busca de artigos científicos indexados nas bases de dados CAPES, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e PubMed, publicados de 2007 a 2023. Foram utilizados os descritores “percepção auditiva AND transtorno do déficit de atenção com hiperatividade”, tanto em português quanto em inglês. A busca realizada por meio dos descritores resultou em 146 artigos. Do total, 136 foram excluídos e 10 selecionados para a revisão. Resultados: Durante a pesquisa observou-se escassez de estudos que investigassem a relação entre processamento auditivo e TDAH. Os resultados encontrados destacam uma série de diferenças significativas entre crianças com TDAH e o grupo controle, composto por indivíduos sem o TDAH. Foi observado que as crianças com TDAH apresentaram desempenho inferior em testes de processamento auditivo em comparação a seus pares controle. Os indivíduos com TDAH demonstraram maior dificuldade em testes de fala no ruído e teste dicótico de dígitos, sugerindo uma relação entre o TDAH e dificuldades no processamento auditivo. Além disso, foi identificado que o tratamento com o fármaco metilfenidato pode ter um efeito positivo no desempenho do processamento auditivo em crianças com TDAH, reduzindo os erros e melhorando os resultados em testes após o tratamento. Observou-se, ainda, uma associação entre as dificuldades de atenção e hiperatividade-impulsividade nas crianças com TDAH e as dificuldades no processamento auditivo. Quanto maior o déficit de atenção e hiperatividade, maior a dificuldade no processamento auditivo, indicando uma conexão entre estes. Conclusões: Foi possível concluir a existência de uma considerável relação, mostrando que crianças com TDAH apresentaram dificuldades consistentes em testes de processamento auditivo. Tais resultados ressaltam a importância de avaliar e abordar o processamento auditivo em crianças com TDAH, sugerindo que as dificuldades no processamento auditivo podem ser um componente relevante no transtorno. Poucos artigos foram encontrados abordando diretamente essa temática, o que evidencia a necessidade de mais pesquisas sobre o assunto.
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