AVALIAÇÃO CORTICAL DO ZUMBIDO ATRAVÉS DA ESPECTROSCOPIA FUNCIONAL EM INFRAVERMELHO PRÓXIMO
Martins, M. L. ;
Morya, E. ;
Lima, L. K. A. ;
Isabelle, C. V. ;
Balen, S. A. ;
Machado, D. G. S. ;
Rosa, M. R. D. ;
Introdução: O zumbido é a percepção consciente de um som sem existir fonte sonora externa correspondente. A espectroscopia funcional em infravermelho próximo (fNIRS) é uma técnica utilizada para avaliar a resposta hemodinâmica, através das alterações nos níveis da oxi-hemoglobina e desoxi-hemoglobina indicando mudanças na atividade cortical. O fNIRS pode ser utilizado para medir a resposta hemodinâmica resultante de estímulos sonoros, portanto é interessante para entender a sintomatologia do zumbido e consequentemente direcionar maneiras de avaliar e tratar o sintoma. Objetivo: Comparar as mudanças nos níveis de concentração da oxi-hemoglobina de indivíduos com e sem zumbido, usando estimulação auditiva (ruído branco, 1000 Hz, frequência do zumbido/10.000Hz e silêncio) através do fNIRS. Métodos: O estudo foi composto por dois grupos, um com zumbido crônico e sem perda auditiva (n=23) e um grupo controle com sujeitos sem perda auditiva e sem zumbido crônico (n=23). O grupo com zumbido respondeu a questionários (anamnese do zumbido, Escala Visual Analógica, Tinnitus Handicap Inventory e Tinnitus Functional Inventory) e realizou exames auditivos (Audiometria Tonal, acufenometria, Nível Mínimo de Mascaramento e Inibição Residual). Todos os participantes foram avaliados por uma tarefa auditiva para analisar a atividade do córtex auditivo evocada pelos diferentes sons. O fNIRS continha 20 canais dispostos em matrizes 4x2 sobre os córtices frontal, temporal e parietal. A região de interesse foi focada no córtex auditivo primário bilateralmente, cobrindo o giro de Heschl (giro temporal superior, giro temporal médio, giro supramarginal e giro pós-central) (ROI 2 e 5). As demais regiões foram a região auditiva circunvizinha, abrangendo parte dos cortex frontal e parietal (ROI 1, 3, 4 e 6). Foi utilizado a apresentação de sons em um block-design de escuta passiva, com sons de 15s intercalados com períodos de silêncio randomizados entre 15-25s. Resultados: Houve diferença no tipo de som apresentado, na região de interesse e no canal quando analisados isoladamente. Como também, na interação entre grupo e condição, e entre grupo e canal. A frequência do zumbido diminuiu os níveis de oxi-hemoglobina, enquanto o ruído branco e 1000Hz aumentaram os níveis de oxi-hemoglobina. Todas as condições diferem umas das outras, exceto 1000Hz com o silêncio no grupo de controle. Em relação aos canais, os frontais (1, 3 e 11) diferiram no grupo com zumbido, enquanto no grupo de controle foi observada diferença nos canais das regiões frontal, temporal e parietal (1, 3, 5, 10, 11, 16, 17 e 18). Além disso, foi observada correlação de tamanho de efeito pequeno entre a intensidade, o incômodo e a gravidade do zumbido com os níveis de oxi-hemoglobina. Por fim, o hemisfério direito teve uma ativação maior em comparação com o hemisfério esquerdo. Conclusões: O tipo de som e a região do cérebro influenciaram as variações da oxi-hemoglobina, mas não houve diferença entre os participantes com zumbido e os controles. A intensidade do zumbido mensurada pelo exame psicoacústico, além do incômodo, intensidade e gravidade do zumbido, medidos por questionários, mostraram associação com variações no fluxo sanguíneo cerebral. Portanto, alterações corticais devem ser consideradas no tratamento do zumbido.
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