USO DE MEDICAMENTOS OTOTÓXICOS EM UMA MATERNIDADE PÚBLICA REFERÊNCIA NO ATENDIMENTO DO NEONATO DE ALTO RISCO
Oliveira, A. S. ;
Souza, E. C. L. ;
Lemos, G. S. ;
Brito, V. F. ;
SILVA, F. A. L. ;
Silva, V. B. ;
Introdução: A triagem auditiva neonatal desempenha um papel crucial na identificação precoce de possíveis deficiências auditivas em recém-nascidos, sendo particularmente significativa para aqueles que foram expostos a medicamentos ototóxicos durante a gestação ou após o nascimento. Dentre os principais antibióticos ototóxicos utilizados na neonatologia, destacam-se a Gentamicina, Amicacina e Tobramicina. O uso desses medicamentos representa um fator de risco significativo para a audição dos recém-nascidos, tornando o seu uso um tema complexo e com nuances, devido ao risco potencial de perda auditiva permanente versus a necessidade de tratar infecções graves. Objetivo: Analisar os resultados da triagem auditiva em recém-nascidos expostos a medicamentos ototóxicos. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal realizado no banco de dados de um programa de triagem auditiva neonatal, de um hospital público, terciário, referência no atendimento ao neonato de alto risco. No referido programa, os recém-nascidos são triados por meio de medidas objetivas da audição (emissões otoacústicas evocadas transientes e/ou potencial evocado auditivo de tronco encefálico), baseado nos critérios definidos pelo Ministério da Saúde do Brasil nas Diretrizes de Atenção a Triagem Auditiva Neonatal (2012). No banco de dados analisado, em um período de seis anos (2015 a 2020), foram triados 21.456 neonatos e destes, 5417 foram classificados como de alto risco para deficiência auditiva, devido ao uso de medicamento ototóxico no período neonatal. Foram realizadas análises quanto a procedência do recém-nascido (alojamento conjunto ou unidade neonatal) ocorrência de indicadores de risco associados e resultados da triagem auditiva. Os dados foram submetidos a estatística descritiva. Resultados: Dos 5417 recém-nascidos que fizeram uso de medicamentos ototóxicos, 75,8% (n=4106) são oriundos da unidade neonatal e 24,2% (n=1311) do alojamento conjunto; 53,1% (n=2878) apresentavam indicadores de risco associados e destes, 93,3% (n=2685) são provenientes da unidade neonatal e 6,7% (n=193) do alojamento conjunto; 46,9% (n=2539) dos recém-nascidos apresentavam somente o uso de ototóxicos e destes, 64% (n=1421) são da unidade neonatal e 44% (n=1118) do alojamento conjunto. Quanto aos resultados da triagem auditiva, na ocorrência de indicadores associados, se constatou 9,1% (n=245) de alteração em recém-nascidos da unidade neonatal e de 5,7% (n=11) no alojamento conjunto; Nos casos do uso somente do ototóxico, a alteração foi observada em 3,2% (n=45) dos recém-nascidos da unidade neonatal e de 3,5% (n=39) nos recém-nascidos do alojamento conjunto. Em panorama geral, recém-nascidos com uso exclusivo de ototóxicos apresentaram 3,3% (n=84) de alteração na triagem auditiva, enquanto naqueles com fatores associados a alteração foi observada em 8,9% (n=256). Conclusão: A prevalência de alteração na triagem auditiva em recém-nascidos expostos a tratamento com medicamentos ototóxicos é de 3,3%, sendo essa prevalência ainda mais elevada quando o uso de ototóxico está associado a outros indicadores de risco, principalmente quando o recém-nascido é proveniente da unidade neonatal.
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