COMPONENTE DE INTERAÇÃO BINAURAL NO POTENCIAL EVOCADO AUDITIVO COGNITIVO EM ADULTOS JOVENS COM AUDIÇÃO NORMAL
Queiroz, J. P. S. ;
Duarte, D. S. B. ;
Fischer, C. B. A. ;
Venâncio, L. G. A. ;
Reis, A. S. C. ;
Gouveia, M. C. L. ;
Muniz, L. F. ;
Introdução: A audição binaural, presente em humanos e outros seres, oferece vantagens na comunicação, influenciando funções auditivas como a lateralização e a detecção de estímulos presentes no ruído. O Componente de Interação Binaural, obtido pela subtração da resposta binaural da soma das respostas monoaurais, avalia a atividade neural binaural. Os potenciais evocados auditivos de longa latência refletem atividades cerebrais em áreas corticais superiores, exemplificado pelo córtex auditivo secundário, com picos de polaridade negativa e positiva, como N1, P2, N2 e P300. O P300, também chamado de potencial evocado auditivo cognitivo, é registrado entre 250-400 ms, desafiando a detecção de estímulos raros apresentados em paradigma de oddball. Seu estudo é crucial, pois está relacionado com atividadess cognitivas e pode ser induzido por tarefas que exigem atenção, discriminação e memória auditiva. Objetivo: Descrever o componente de interação binaural utilizando o P300 em uma amostra de adultos jovens com audição normal. Metodologia: A pesquisa incluiu adultos jovens com audição normal, excluindo aqueles com histórico de lesões neurológicas, alteração de orelha interna, neuropatia auditiva, uso de drogas ototóxicas ou exposição a som intenso 72 horas antes. Exames pré-coleta incluíram anamnese, inspeção do meato acústico, audiometria e imitanciometria. O P300 foi eliciado com estímulos de fala /ba/ e /da/ em paradigma oddball, registrando respostas monoaurais e binaurais, com atividade de contagem e registro usando riscos em papel da quantidade de estímulos raros escutados. Foram realizadas comparações entre os modos de escuta monoaural e binaural, além do cálculo do componente de interação binaural. Análises estatísticas foram conduzidas, utilizando o teste de Wilcoxon para diferenciação entre grupos pareados. Resultados: O grupo de estudo foi composto por adultos jovens (20-24 anos) de ambos os sexos, sendo 12 mulheres e 8 homens. A maioria dos participantes relatou preferir a orelha direita para escutas no cotidiano (16 participantes), e todos eram destros. Os maiores valores médios das amplitudes foram do modo de escuta monoaural à direita. Quando realizadas comparações, não foi observada diferença estatisticamente significativa na amplitude entre as orelhas direita e esquerda (p-valor = 0,062), nem mesmo na latência (p-valor = 0,920). Todavia, destacou-se uma diferença significativa na amplitude entre a média da soma monoaural (calculada como a média entre as médias das orelhas direita e esquerda) com os valores médios da escuta binaural (p-valor = 0,004), enquanto a latência não mostrou diferença estatisticamente significativa (p-valor = 0,171). Conclusões: Calculou-se o componente de interação binaural usando o P300, resultando em uma média de 14,11 μV. A influência do estado do indivíduo durante o exame do P300 mostrou-se significativa, afetando a morfologia das amplitudes observadas. Recomenda-se que estudos futuros ampliem a amostragem para aprofundar o entendimento desse componente, incorporando um número mais expressivo de participantes.
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