EVOLUÇÃO DA PERCEPÇÃO DA FALA EM PACIENTES COM OSSIFICAÇÃO COCLEAR E IMPLANTE COCLEAR COM ELETRODO CURTO
FRAGA, G. A. ;
JUNIOR, C. A. C. S ;
SANCHES, J. F. ;
ZABEU, J. S. ;
LOURENÇONE, L. F. M. ;
Introdução: O implante coclear (IC) de com eletrodo curto é indicado como alternativa de reabilitação em pacientes com surdez severa a profunda, principalmente quando há ossificação coclear. Nestes casos, com permeabilidade intracoclear reduzida, a inserção total torna-se mais difícil, sendo necessária a utilização deste tipo de eletrodo (15 mm). Os poucos estudos publicados na área e que avaliam o desempenho auditivo, apresentaram resultados audiológicos controversos. O presente estudo teve como objetivo relatar a percepção de fala de usuários de IC com eletrodo curto. Materiais e métodos: Trata-se de um estudo retrospectivo e descritivo de prontuários de pacientes submetidos à cirurgia de IC com eletrodo Compressed da empresa Med-El® (Innsbruck, Áustria) , entre 2009 e 2020, no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC-USP). Foram selecionados pacientes com perda auditiva neurossensorial severa ou profunda operados com IC Med-El®, dispositivo interno Ti100, eletrodo Compressed, que apresentavam exames de imagem com sinais sugestivos de ossificação ou fibrose coclear, independentemente da etiologia da perda auditiva. Foram coletados e analisados dados demográficos, etiológicos e do desempenho auditivo com o IC pela audiometria em campo livre e teste de percepção de fala pré-cirúrgicos e 3, 6, 12 e 24 meses após o IC. Os testes coletados foram: IT-MAIS (Infant Toddler – Meaningful Auditory Integration Scale), MUSS (Meaningful Use of Speech Scale), categorias de audição, categorias de linguagem, reconhecimento de sentenças gravadas no silêncio e no ruído. Resultados: 70 usuários foram operados no período estabelecido. Desses, 45 pacientes eram elegíveis para o estudo, totalizando 53 orelhas implantadas unilateral ou bilateralmente. Ossificação foi observada na abertura da cóclea em 25 orelhas (47%), enquanto a patência coclear foi encontrada em 28 orelhas (53%). Somente 11 casos (21%) não obtiveram sucesso na inserção completa dos eletrodos. Quanto ao desempenho, os pacientes com ossificação tiveram estabilidade dos escores nas categorias de linguagem nos primeiros 12 meses de acompanhamento e melhora após 24 meses de uso do IC (p= 0,001). O reconhecimento de sentenças no silêncio e no ruído também tendeu a aumentar as pontuações aos 24 meses, mas sem significância estatística (p = 0,09 e p = 0,24, respectivamente). O IT-MAIS apresentou piora nos escores ao longo do tempo, mas também sem significância estatística (p = 0,64). Os pacientes sem ossificação mantiveram as pontuações estáveis ao longo do tempo no IT-MAIS (p = 0,03). Na categoria de linguagem, as pontuações melhoraram aos 12 meses, com um novo aumento aos 24 meses (p= 0,00). O reconhecimento de sentenças no silêncio manteve-se estável desde o pré-operatório até 12 meses de uso do IC, apresentando melhora aos 24 meses (p= 0,00). O Reconhecimento de Sentenças no Ruído tendeu a melhorar ao longo do tempo, mas sem diferença estatística significativa (p = 0,14) Conclusão: O IC com eletrodo curto é uma alternativa no manejo de pacientes com história de ossificação coclear e perda auditiva neurossensorial severa ou profunda.
DADOS DE PUBLICAÇÃO