EFEITO DO MASCARAMENTO ESTÁVEL E MODULADO NOS POTENCIAIS EVOCADOS AUDITIVOS CORTICAIS EM IDOSOS
SIMÕES, C. do E.S.X. ;
DUARTE, D.S.B. ;
ROCHA, M.F.B. ;
QUEIROZ, J.P.S. de ;
BRITTO, D.B.L. de A. ;
ADVÍNCULA, K.P. ;
Introdução: A comunicação é um processo inerente ao ser humano, sendo um fator primordial para a inter-relação entre os indivíduos. As habilidades auditivas são fundamentais para uma comunicação oral eficiente, sendo o reconhecimento de fala uma das habilidades mais importantes para um maior desenvolvimento comunicacional. Para o reconhecimento eficaz da fala, os sistemas auditivos devem processar pistas como intensidade, faixa de frequência dos fonemas, prosódia e contexto linguístico. Isso exige que o sistema auditivo se concentre no sinal de fala, ignorando ruídos ambientais, pois estes podem aumentar os limiares de detecção, dificultando a compreensão da mensagem. No entanto, a modulação em intensidade e frequência dos ruídos auxiliam na compreensão dessa fala; esse fenômeno é denominado Benefício do Mascaramento Modulado e pode ser medido de forma objetiva através das respostas eletrofisiológicas dos potenciais evocados auditivos corticais. Objetivo: Analisar o efeito do mascaramento estável e modulado nos potenciais evocados auditivos corticais com estímulo de fala em idosos com a audição normal. Metodologia: Trata-se de um estudo analítico, do tipo observacional e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa em Seres Humanos sob parecer nº 5.140.668. Foram realizados exames de pré-coleta, sendo eles: anamnese, avaliação cognitiva e exames audiológicos básicos (meatoscopia, audiometria e imitanciometria). Os potenciais evocados auditivo corticais foram eliciados a partir de um estímulo de fala sintética /ba/ simultaneamente ao ruído Speech Shaped Noise, apresentado em três condições distintas: ruído estável com intensidade de 30 dB NPSpe (ruído estável fraco), ruído estável com intensidade de 65 dB NPSpe (ruído estável forte) e ruído modulado em intensidades de 30 dB NPSpe e 65 dB NPSpe em 25 Hz, com um período de modulação de 40 ms. Resultados: Participaram do estudo 18 indivíduos, sendo 27,7% do sexo masculino e 72,3% do sexo feminino, com idade média 64,4 anos. Participantes sem evidências de perda auditiva, apresentando limiares auditivos iguais e/ou inferioriores a 20 dB e com curvas timpanométricas do tipo A e presença de reflexos ipsi e contralaterais. Na condição de ruído estável forte, observou-se uma maior latência no componente cortical de P1, bem como medidas mais robustas de amplitude nos componentes corticais P1, N1 e P2 na condição de ruído modulado, quando comparadas à condição de ruído estável forte. A partir do teste estatístico de Friedman, observou-se que as latências e amplitudes dos componentes P1, N1 e P2 diferem entre os tipos de mascaramento. A morfologia das ondas apresentou-se mais comprometida na condição de ruído estável forte, em comparação com os demais registros. Os limiares eletrofisiológicos médios para as condições de ruído estável forte e ruído modulado foram de 57,22 dB NPSpe e 52,22 dB NPSpe, respectivamente, evidenciando uma diferença média de 5 dB. Conclusão: O ruído modulado exerceu um efeito mascarante inferior em relação à condição de ruído estável forte, especialmente nas medidas de amplitude dos componentes corticais. A diferença média de 5 dB entre os limiares eletrofisiológicos é interpretada como uma manifestação do Benefício do Mascaramento Modulado.
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