ESPECTRO DA NEUROPATIA AUDITIVA: ANÁLISE DA EVASÃO
Silva, M. G. P. ;
Yamaguti, E. H. ;
Araújo, E. S. ;
Introdução: O Espectro da Neuropatia Auditiva (ENA) caracteriza-se por uma variabilidade de achados audiológicos decorrentes de sua fisiopatologia no sistema auditivo, podendo ser decorrente de dano na funcionalidade das células ciliadas internas e/ou na sinapse e neurotransmissores responsáveis pela despolarização do nervo vestibulococlear ou no próprio nervo. Devido às flutuações no limiares auditivos, característicos do caso, esse diagnóstico costuma ser tardio. Objetivo: Caracterizar os pacientes com ENA que não aderiram ao tratamento em um centro de referência em saúde auditiva. Metodologia: Trata-se de um estudo retrospectivo descritivo, na perspectiva longitudinal, com aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da instituição, com o parecer n° 4.870.978 e mediante consentimento livre e esclarecido pelos pais/responsáveis. O estudo foi realizado em um centro auditivo de referência. Participaram do estudo 140 indivíduos, de ambos os sexos, sendo 43 do sexo feminino (31,0%) e 97 do sexo masculino (69,0%), cujos prontuários foram selecionados de forma aleatorizada. A média de idade da amostra foi 14,9 anos, sendo observado 3,2 anos para idade mínima e 29 anos para idade máxima. Os critérios de inclusão consistiam em possuir o diagnóstico interdisciplinar do ENA, ser atendido no centro auditivo em que foi realizada a coleta, além de ter iniciado o atendimento no hospital até a idade de 12 anos incompletos. Foi realizada análise descritiva, com medidas de tendência central e distribuição. Resultados: Ao analisar o índice de evasão dos casos, do total de participantes analisados, 59 (42,1%) evadiram do serviço durante o tratamento. Dentre estes sujeitos, observou-se predominância do sexo masculino (n= 42; 71,2%) e residentes na região sudeste (n= 40; 67,8%), região em que se localiza o centro de saúde auditivo analisado, seguido da região sul (11,8%), nordeste (10,2%) e centro-oeste (10,2%). No que diz respeito ao tratamento, os maiores percentuais de evasão foram de participantes que utilizavam apenas Aparelho de Amplificação Sonora Individual (n= 38; 27,1%) e que não faziam uso de nenhum dispositivo (n= 9; 6,4%). É importante destacar que do total de 12 participantes cujo tratamento era o acompanhamento sem dispositivos eletrônicos, 9 evadiram (66,6%). Usuários de Implante Coclear (IC) e bimodal tiveram as menores taxa de evasão. Conclusão: Observou-se uma elevada taxa de evasão no acompanhamento longitudinal de casos de ENA. O grupo que evadiu teve predomínio do sexo masculino, residentes na região sudeste e que fazia uso de AASI como tratamento. Tendo em vista os dados faz-se necessário uso de facilitadores para adesão ao programa, bem como a redução de barreiras para o tratamento efetivo.
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