ESTUDO LONGITUDINAL DA VIA AUDITIVA PERIFÉRICA É CENTRAL EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES SUBMETIDOS AO TRANSPLANTE DE MEDULA ÓSSEA NO INSTITUTO DE TRATAMENTO DE CÂNCER INFANTIL
Valiengo.G ;
Lliliane.A ;
Vicente.O ;
Carla G. ;
Introdução: O Transplante de Medula Óssea (TMO), modalidade terapêutica utilizada em muitas doenças da infância, malignas e não malignas, tem sido empregado para curar ou prolongar a vida de indivíduos com doenças de características crônicas. Considerando que durante o processo do TMO faz-se necessária a administração de diversos compostos ototóxicos, o monitoramento audiológico desta população é importante, para que se possa atuar de forma eficiente e eficaz, não só no diagnóstico e indicação deste tipo de procedimento, bem como no prognóstico, tendo em vista que complicações em diferentes níveis podem surgir e interferir diretamente na qualidade de vida deste paciente. Objetivo: Avaliar e monitorar a via auditiva periférica e central de crianças e adolescentes submetidos ao TMO. Metodologia: Foram avaliadas 35 crianças com idade entre quatro e 11 anos, média de 5,25 anos, sendo 27 do sexo masculino e oito do sexo feminino, atendidas no Instituto de Tratamento do Câncer Infantil (ITACI) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. As crianças foram avaliadas inicialmente antes de serem submetidas ao TMO e reavaliadas aproximadamente 100 dias após o procedimento. Em ambos os momentos, foram realizados os seguintes procedimentos: Imitanciomentria, Audiometria Tonal Limiar, Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico e Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência. Os resultados obtidos foram comparados, por meio de testes estatísticos paramétricos, entre os dois momentos de avaliação. Resultados: Na audiometria tonal limiar observou-se 75% de alteração na orelha direita e 67,9% na orelha esquerda na 1ª avaliação e, na segunda avaliação, foi observado 92,9% de alteração na orelha direita e 78,5% na orelha esquerda. Além disso, foi verificado um aumento significativo dos limiares auditivos após o TMO para as frequências de 0,25, 0,5, 1, 2, 4 e 6 kHz. Sobre a análise do Potencial Evocado Auditivo de Tronco Encefálico observou-se uma diferença significante apenas para o interpico I-III, sendo que a latência deste interpico foi menor na avaliação pós-TMO independente da orelha avaliada. Na análise do Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência observou-se diferença significativa entre os dois momentos de avaliação para a latência dos componentes P2 e N2 independente da orelha avaliada, sendo que houve uma diminuição de latência para ambos os componentes após o TMO. Conclusão: Os resultados obtidos no presente estudo demonstraram uma piora dos limiares auditivos depois do TMO demostrando o efeito da ototoxicidade coclear no tratamento envolvido no TMO. Quanto às vias auditivas centrais, não foi observado efeito de neurotoxicidade, visto que não foi verificada piora das respostas eletrofisiológicas após o tratamento.
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