ESTUDO DAS COMPONENTES P1-N1-P2 NA ADOLESCÊNCIA: APLICAÇÃO DE UMA MEDIDA ELETROFISIOLÓGICA
Lunardelo, P.P. ;
Carmona, B.T. ;
Simões, H.O ;
Zanchetta, S. ;
Introdução: Os Potenciais Evocados Auditivos (PEAs) representam a atividade neuro elétrica gerada pelas vias e centros auditivos após a estimulação acústica. Sua aplicação permite o estudo de diferentes processos neurais, como as mudanças
neurofisiológicas próprias da maturação do Sistema Nervoso Auditivo Central (SNAC). Existe especial interesse no estudo das componentes P1, N1 e P2 devido à sua natureza exógena e ao fato de representarem as funções auditivas tálamos corticais, sendo assim, permitem avaliar a maturação do SNAC e contribuem no diagnóstico de seus transtornos do desenvolvimento. A adolescência é a população menos explorada pela literatura, todavia este é um importante período de consolidação de habilidades auditivas e linguísticas dependentes do SNAC. Objetivo: Estudar o processamento tálamo cortical auditivo na adolescência por meio do registro eletrofisiológico das componentes P1-N1-P2. Metodologia: CEP: nº 6.225.450. Foram avaliados 15 adolescentes de 12 a 17 anos, de ambos os sexos. Critérios de inclusão: ausência de queixa de reprovação escolar, presença de bom rendimento escolar. Critérios de exclusão: a) possuir conhecimento prévio de perda auditiva, b) antecedente de cirurgia otológica e/ou de cabeça e pescoço, c) e de traumatismo crânio encefálico e acidente vascular encefálico; d) presença de perdas auditivas; e) histórico de infecção recorrente de orelha média. Avaliações de Elegibilidade: Determinação da sensibilidade auditiva, triagem do estado de consciência mental (Mini Exame do Estado Mental juvenil), dos sintomas de desatenção e hiperatividade (SNAP-V), e triagem do processamento auditivo (Testes Padrão de Frequência e Dicótico de Dígitos). Avaliação de Pesquisa: Potencial Evocado Auditivo de Longa Latência para a eliciação do complexo P1-N1-P2 com estímulo verbal sintético /DA/ e controle do movimento ocular. As variáveis de estudo foram caracterizadas por estatística descritiva. Resultados: Todos apresentaram resultados adequados nas avaliações de elegibilidade. Foram avaliados 11 (73,3%) meninas e 04 (46,7%) meninos, com idade média de 15,1 anos (mínima:13,0; máxima:17,9). A P1 foi identificada em 93,3% (14/15) dos sujeitos, a N1 em 100% (15/15) e P2 em 66,7%. Os valores médios de latência e o desvio padrão foram 62,9 (11,6), 108,3 (23,1) e 180,4 (43,7) milisegundos para P1, N1 e P2, respectivamente; os valores médios e o desvio padrão para a amplitude foram 0,5 (0,4), 1,2 (0,7) e 0,7 (0,5) μV. Conclusão: A análise do processamento tálamo-cortical auditivo na adolescência destaca a presença predominante das componentes P1 e N1. O protocolo utilizado gerou latências médias para P1 e N1 semelhantes a maior parte dos estudos anteriores, com diferentes técnicas de registro, entretanto o mesmo não ocorreu para a amplitude de P1, N1 e P2, assim como para a latência de P2. Estes resultados reforçam a importância do estudo de diferentes populações com o mesmo protocolo. Ainda, que o processamento auditivo em nível tálamo cortical de adolescentes é distinto ao de crianças e adultos, possivelmente em decorrência da natureza contínua da maturação tálamo cortical auditiva durante a segunda década de vida.
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