TRIAGEM AUDITIVA ESCOLAR
Umeoka-Hidaka, M.T ;
Momensohn Santo, T.M ;
A audição é um dos sentidos primordiais para o desenvolvimento da comunicação humana, responsável pela aquisição da linguagem, fala e desenvolvimento cognitivo. A perda auditiva nos primeiros anos de vida de uma criança pode ter consequências substanciais na educação e aprendizagem. A proposta da triagem auditiva neonatal universal (TANU), proporcionou grandes benefícios com a identificação precoce da perda auditiva congênita, entretanto em muitos países ela está aquém de ser universal. Além disso o monitoramento auditivo preconizado pela TANU nem sempre é realizado, sendo as perdas auditivas de manifestação tardia ou progressivas muitas vezes não detectadas e consequentemente não tratadas. A triagem auditiva do escolar (TAE) é uma ferramenta fundamental para dar sequência a TANU Além disso a oportunidade de conscientizar alunos e professores sobre a importância da audição e práticas de escuta segura. A Organização Mundial de Saúde e estudos atuais apontam para a necessidade protocolos de TAE padronizados globalmente para potencializar essa intervenção. No Brasil o Programa de Saúde na Escola (PSE) em seu Componente I - Avaliação das condições de saúde, prevê as ações nas áreas de saúde nutricional, ocular, bucal, clínica, psicossocial e saúde auditiva, entretanto como opção de atividades que poderão ser efetivadas pelos municípios que fazem a adesão ao PSE, que muitas vezes acabam priorizando outras áreas. Importante ressaltar que o Sistema Único de Saúde (SUS) contempla a TAE (0211070360-DATASUS) no seu rol de procedimentos, muitas vezes desconhecido pelos profissionais da área. Objetivo: Analisar e acompanhar a evolução da TAE no território nacional por meio do DATASUS e censo escolar. Método: Levantamento dos registros de matriculados na educação básica do ensino público no censo escolar do território nacional, comparados aos procedimentos de triagem auditiva escolar (0211070360) cadastrados no DATASUS, no período de 2008 a 2023. Resultados: A porcentagem de TAE realizadas nos alunos matriculados nesse período foram: 2008 (58.178 - 0,15%), 2009 (44.847 - 0,09%), 2010 (33.108 - 0,07%), 2011 (26.253 – 0,06%), 2012 (37.629 - 0,89%), 2013 (32.953 - 0,79%), 2014 (34.363 - 0,84%), 2015 (24.722 - 0,06%), 2016 (22.099 - 0,05%), 2017 (20.547 - 0,51%), 2018 (41.471 - 0,10%), 2019 (23.856 - 0,06%), 2020 (6.419 - 0,01%), 2021 (14.766 - 0,03%), 2022 (19.455 - 0,05%), 2023 (25.107- 0,05% ). Conclusão: Os dados encontrados demonstram uma baixa adesão à realização da TAE, principalmente por não haver uma base de dados específica para o registro e políticas públicas mais efetivas. A TAE é fundamental, entretanto existe uma escassez de dados publicados, tanto sobre as políticas, diretrizes e regulamentos relacionados a saúde auditiva dos escolares. Na realidade nacional os estudos ressaltam a importância da intervenção, entretanto são pontuais e realizados pelas universidades e alguns serviços públicos que aderiram ao PSE com ênfase na saúde auditiva. A TAE favorece o diagnóstico precoce da deficiência auditiva, detecção de manifestações auditivas tardias ou progressivas e as patologias de orelha média tão comum na primeira infância.
DADOS DE PUBLICAÇÃO