PROVÁVEL ASSOCIAÇÃO ENTRE MASSA MUSCULOESQUELÉTICA E ZUMBIDO EM PESSOAS APÓS A COVID-19
Bento, G.O ;
M, M. G ;
R, R. L ;
T, S.M.R.L ;
C, A. S. D ;
T, S. L ;
B, M. H. B ;
M, M. L. L ;
A sarcopenia ou perda de massa musculoesquelética se refere a qualidade e função nos músculos, tendo sido muito associada a vários resultados clínicos adversos principalmente nem idosos com COVID-19, uma vez que a densidade muscular se demonstrou associada ao sucesso da extubação e inversamente associada ao número de complicações na UTI, ao tempo de internação e à mortalidade hospitalar. Em idosos após a COVID-19 ela tem sido associada a alterações otoneurológicas como vertigem, porém há escassez de estudos sobre massa muscular e zumbido nessa população. Objetivo: Verificar a possibilidade de associação entre zumbido e massa músculo esquelética em pacientes pós-COVID-19. Metodologia: Todos os pacientes foram informados sobre os objetivos e procedimentos do estudo antes de seu início e assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido. Os critérios de inclusão foram indivíduos com idade entre 19 e 65 anos, com diagnóstico positivo de COVID-19 por meio de teste molecular qualitativo (RT-PCR) ou alta hospitalar após tratamento para COVID-19. Deveriam ainda apresentar: infecção por COVID-19 datada de 1º de março a 1º de julho de 2021, comprovante de vacinação com a primeira dose contra COVID-19 e laudo médico que permitisse a realização de testes de aptidão cardiorrespiratória. Pacientes com doenças neurológicas debilitantes ou dificuldades de locomoção foram excluídos do estudo. Os pacientes foram recrutados por meio de encaminhamento do hospital municipal, após a alta. Os participantes foram submetidos à avaliação clínica (saturação de oxigênio, pressão arterial, glicemia, antropometria, composição corporal, bioimpedância elétrica e avaliação física) na primeira visita ao laboratório de pesquisa. Eles também responderam a um questionário padronizado com 90 questões abertas e fechadas abordando a história clínica, doenças preexistentes, necessidade de internação, tempo e tipo de internação hospitalar além da presença de sintomas como zumbido, durante e/ou após COVID-19 e duração dos sintomas após a alta hospitalar. Na sequência, os pesquisadores avaliaram a composição corporal dos participantes, tomaram medidas antropométricas (peso corporal e altura) e calcularam e classificaram o índice de massa corporal (IMC). Pacientes cujo IMC variou de 18,00 a 24,99 kg/m2 foram classificados como eutróficos; de 25,00 a 29,99 kg/m2, como excesso de peso; e 30,00 ou mais kg/m2 como obesos. Resultados: Foram incluídos 192 participantes nas análises, dos quais, 51,6% (n = 99) eram do gênero masculino, com média de idade de 47,8 ± 12,6 anos. Destes pacientes, 27,1% (n = 52) relataram ter zumbido, sendo que 14,1% (n = 27) referiram ter iniciado com a sensação de zumbido durante ou após o diagnóstico de COVID-19, com massa musculoesquelética: 26,7± 6,4 kg. Houve diferença significativa para a massa músculo esquelética e os grupos com e sem zumbido (p = 0,016; r = 0,17), sendo que o grupo com zumbido apresentou os menores valores e o tamanho do efeito foi pequeno. Houve um impacto substancial da massa musculoesquelética na queixa de zumbido em pacientes após COVID-19. Portanto, a avaliação da massa musculoesquelética deve ser uma abordagem importante na avaliação e reabilitação do zumbido nesta população.
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