COMPETÊNCIA COMUNICATIVA DAS FAMÍLIAS E DECODIFICAÇÃO DE FALA DE CRIANÇAS COM RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM EM UM PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO PARENTAL VIA TELEINTERVENÇÃO: ESTUDO DE CASOS
Lemos, F.F. ;
Balen, S.A. ;
Nunes-Araujo, A.D.S. ;
Brazorotto, J.S. ;
Introdução: Durante o desenvolvimento infantil grande parte das experiências de audição e linguagem das crianças são mediadas pela família. No caso de crianças em risco para o desenvolvimento das habilidades de audição e da linguagem, a capacitação parental pode ser uma estratégia virtuosa para a minimização de alterações, facilitada por recursos de teleintervenção. Objetivo: Descrever a competência comunicativa do cuidador e a decodificação da fala de três crianças com risco no desenvolvimento da linguagem submetidas a um programa de capacitação parental via teleintervenção. Metodologia: Estudo de intervenção aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (n.4.648.404). As três crianças, do sexo masculino, com idades de 12, 26 e 35 meses, apresentavam desempenho de linguagem aquém do esperado na Escala Bayley-III. Realizaram avaliação audiológica (EOAT, PEATE clique, timpanometria), além do Frequency Following Response (FFR) com estímulo /da/ com frequência fundamental de 100 Hz, duração de 170 ms, velocidade de 3,70/s. Foram realizadas quatro promediações de 1.000 sweeps, em uma janela de -40 a 270.27 ms. Para filtragem das ondas, aplicou-se um filtro passa-banda online de 30-3000 Hz. Na análise dos dados, somou-se as ondas registradas na orelha direita, depois, aplicou-se um filtro passa-banda espectral de 80-1500 Hz. O registro neural de cada criança foi realizado em três momentos (antes da seleção, pré e pós-intervenção). Foi realizada análise temporal e espectral (F0 e harmônicos). A avaliação da competência comunicativa do cuidador deu-se pela análise dos registros em vídeo da interação com a criança nos momentos pré e pós-teleintervenção, por meio de um instrumento com escala do tipo Likert da qual se extraiu o dado geral de competência comunicativa do familiar, sendo que 0 (não mostra competência), 1 (mostra um pouco de competência), 2 (mostra uma boa competência) e 3 (mostra competência excelente). A teleintervenção baseou-se em estratégias de capacitação parental que envolveram os modelos de Videofeedback e da Parent-Child Interaction Therapy (PCIT), além de um Plano de Orientações Singular e teve a duração de, no mínimo, 9 sessões de teleconsulta de 30 a 40 minutos, realizadas consecutivamente. Os resultados pré e pós intervenção foram comparados de forma descritiva. Resultados: Observada melhora na competência comunicativa dos familiares de duas crianças e mantida esta competência na terceira criança. A análise do FFR mostrou resultados semelhantes na análise temporal entre os três momentos avaliados nas três crianças, bem como na amplitude espectral da F0. Na análise no domínio da frequência foi constatado aumento da amplitude espectral do harmônico alto (678 Hz) tanto na porção da consoante quanto da vogal entre o FFR-pré e o FFR-pós quando comparada a média das respostas entre as três crianças. Conclusão: Houve melhora na competência comunicativa dos familiares e diferença na decodificação de fala para os três casos pré e pós a capacitação parental realizada por meio da teleintervenção. Futuras investigações devem ampliar as evidências sobre a efetividade das intervenções de capacitação das famílias em prol do desenvolvimento de linguagem na infância, incluindo medidas objetivas para a sua validação.
1- SANTOS, I.R.D.; BRAZOROTTO, J.S. Intervenção guiada por videofeedback a famílias de crianças com deficiência auditiva. CoDAS [online]. 2018, v. 30, n. 1, e20160256.
2- COSTA EA, DAY L, CAVERLY C, MELLON N, OUELLETTE M, WILSON OTTLEY S. Parent–child interaction therapy as a behavior and spoken language intervention for young children with hearing loss. Language, Speech, and Hearing Services in Schools. 2019;50(1):34–52.
3- PROVENZI L, GIUSTI L, CAGLIA M, ROSA E, MASCHERONI E, MONTIROSSO R. Evidence and Open Questions for the Use of Video-Feedback Interventions With Parents of Children With Neurodevelopmental Disabilities. Front. Psychol. 2020;11:1374.
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5-SKOE, E. KRAUS, N. Auditory brainstem response to complex sounds: A tutorial. Ear and Hearing NIH Public Access, Jun. 2010. Disponível em: .
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