SAÚDE AUDITIVA E HABILIDADES AUDITIVAS EM MÚSICOS PROFISSIONAIS NORMO-OUVINTES
Quental, S. L. M. ;
Amaral, M. I. R. ;
Coutu, C. M. ;
Introdução: A prática musical pode influenciar positivamente no desenvolvimento de habilidades auditivas específicas, devido ao estudo contínuo e avançado exigido. Por outro lado, pode ser considerada também como um fator de risco para o surgimento de sintomas auditivos, já que músicos estão frequentemente expostos a sons intensos. Objetivo: Investigar os efeitos da prática musical sobre o sistema auditivo periférico e central em músicos profissionais normo-ouvintes. Método: Trata-se de uma pesquisa de caráter quantitativo, aprovada pelo Comitê de Ética em pesquisa (CAAE 56932216.0.0000.5404). Foram avaliados 28 Músicos (Grupo GM) e 28 Não músicos (Grupo GNM). Os participantes do GM deveriam atuar profissionalmente como músicos instrumentistas e possuir formação técnica e/ou superior em Música, e os participantes do GNM não poderiam ter qualquer tipo de conhecimento formal sobre música ou instrumentos musicais. Como critérios de inclusão, foram considerados: idade entre 18 e 59 anos; falante nativo do português brasileiro; limiares auditivos de até 20dBNA nas frequências de 0.25 a 8kHz; condições normais de orelha média; e desempenho normal no Teste Dicótico de Dígitos, etapa de integração binaural. Como critérios de exclusão, foram considerados: síndromes e/ou patologias que podem comprometer fala e/ou audição; uso de medicamentos neurodepressores; histórico de otites recorrentes durante infância; sinais de alteração auditiva de origem retrococlear. Os grupos foram comparados quanto à ocorrência de sintomas auditivos, desempenho no Teste de Padrão de Frequência (TPF), Gaps in Noise Test (GIN), Masking Level Difference (MLD) e Hearing in Noise Test (HINT) – versão Português do Brasil. Os Músicos responderam a um questionário específico para caracterização e conhecimento de sintomas auditivos e/ou extra-auditivos associados à prática musical. Resultados: No GM, 17 participantes (60.7%) relataram algum sintoma auditivo, ainda que de frequência ocasional, em comparação a seis participantes (21.4%) do GNM. Dentre os sintomas relatados, o zumbido foi o de maior ocorrência, referido por sete músicos (25%) em comparação a um não músico (3.6%). Sintomas auditivos ou extra-auditivos associados à prática musical foram referidos por 15 participantes do GM (53.6%), especialmente o zumbido (oito participantes, 28.6%), e a maioria dos participantes deste grupo (82.1%) afirmou não realizar estratégias de proteção ao som intenso. Os participantes do GM apresentaram: melhor desempenho no TPF, observado pela homogeneidade dos resultados neste teste; melhor desempenho no GIN, com menores limiares (p-valor: 0.0433) e maiores porcentagens de acertos (p-valor: 0.0325); e melhor desempenho no MLD, com menor relação Sinal/Ruído na condição antifásica (p-valor: 0.0079). Os grupos mostraram-se semelhantes em relação ao desempenho no teste HINT. Conclusão: Foram observados efeitos negativos da prática musical na porção periférica e efeitos positivos na porção central do sistema auditivo.
Schmidt JH, Paarup HM, Bælum J. Tinnitus severity is related to the sound exposure of symphony orchestra musicians independently of hearing impairment. Ear Hear. 2018;20(20):1–10.
Boebinger D, Evans S, Rosen S, Lima CF, Manly T, Scott SK. Musicians and non-musicians are equally adept at perceiving masked speech. J Acoust Soc Am. 2015;137(1):378–87.
Muniz C, Amorim C, Felipe I, Dias R. Perfil audiométrico de músicos profissionais: Revisão sistemática. Rev Bras Promoç Saúde. 2018;31(1):1–8.
DADOS DE PUBLICAÇÃO