OUVIR MÚSICA: MELHOR COM OU SEM AASI?
SIMÕES, P.N. ;
ROMANELLI, G.G.B. ;
ARAÚJO, C.M. ;
LÜDERS, D. ;
Introdução: Mesmo com o constante aprimoramento dos aparelhos de amplificação sonora individual (AASI), a percepção da música por seus usuários permanece desafiadora. O espectro mais extenso da música, diferenças entre a música instrumental e as canções, além de particularidades de músicas gravadas ou ao vivo, explicam a dificuldade de usuários de AASI em vivenciar a experiência musical. Objetivo: Analisar a percepção musical de adultos com DA usuários de AASI (GA) em relação a um grupo controle de ouvintes (GO), e comparar a percepção musical de GA com e sem AASI. Metodologia: Estudo descritivo, qualitativo, realizado com uma amostra de conveniência. Os critérios de inclusão em GA foram: adulto, usuário de AASI há seis meses, com perda auditiva neurossensorial bilateral pós-lingual de qualquer grau, sem alterações cognitivas. GO foi constituído de adultos com limiares auditivos de VA até 25 dB NA, nas frequências de 250Hz a 8000Hz, bilateralmente, sem alterações cognitivas. Foram critérios de exclusão GA e GO ser músico amador ou profissional. GA e GO responderam o teste de percepção musical BATUTA, que consiste na apresentação de amostras musicais, aos pares, para pesquisar os domínios ritmo, pitch e timbre. Os participantes de GA que concordaram, responderam o teste mais uma vez, sem o AASI. O teste foi aplicado em sala silenciosa, com apresentação dos estímulos a 70dBA para GO, e os participantes de GA ajustaram o volume a nível confortável de audibilidade. Resultados: 31 participantes de GA com média de 64,64 ±14,67 anos, sendo 51,61% do sexo masculino, e 51 participante de GO com média de 35,35 ± 10,82 anos e predominância do sexo feminino (70,6%) participaram do estudo. 20 dentre os participantes de GA concordaram em responder o teste com e sem AASI. A comparação dos escores de GA e GO por meio do teste t de Student mostrou que há diferença significativa entre os dois grupos para os três domínios, com melhor desempenho para GO. Quando analisadas por meio de regressão linear, ser ouvinte ou usuário de AASI foi a variável que apresentou significância estatística para os escores do teste, sendo que não houve relação dos resultados com as variáveis sexo ou idade. A comparação dos escores de GA para os participantes que responderam o teste com e sem AASI, através do teste t de Student para grupos pareados, não apontou diferença estatisticamente significativa entre as duas situações. Conclusão: Escores melhores encontrados em GO coincidem os resultados de outros estudos e a variável sexo não tem sido um componente relevante na pesquisa da percepção musical desse público. A ausência de relação entre a idade e o desempenho de GA, e os resultados similares para o teste quando respondido com e sem o AASI, podem indicar que a dificuldade na percepção musical está mais centrada nas limitação do AASI do que em alterações biológicas decorrentes da DA, como seria esperado no grupo com a idade média de GA. A amplificação da música por meio de AASI precisa ser discutida e incluída nos protocolos de indicação e adaptação dos aparelhos.
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