MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS DA MIGRÂNEA VESTIBULAR EM ADOLESCENTES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA
Franciozi, C. ;
Borges, V. M. S. ;
Sleifer, P. ;
INTRODUÇÃO: A atenção básica é a nomenclatura utilizada para definir a atenção primária à saúde (APS) no Brasil, sendo considerada a porta de entrada aos serviços de saúde no país. Esta tem como estratégia prioritária a Estratégia de Saúde da Família (ESF), que preconiza o atendimento a todas as faixas etárias, incluindo adolescentes. No entanto, ainda existem dificuldades no seu atendimento na APS, o que pode impedir diagnósticos precoces. Uma condição frequente nessa população é o sintoma de vertigem, que pode estar associado à migrânea, apontada como a causa mais comum de vertigem em adolescentes. OBJETIVO: Verificar as principais manifestações clínicas da migrânea em adolescentes. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, sendo a questão norteadora: “Quais as principais manifestações clínicas acerca da migrânea vestibular em adolescentes com queixa de tontura ou vertigem?”. Para a busca, foram escolhidos termos no Medical Subject Headings. Realizou-se pesquisa nas bases de dados eletrônicos PubMed/Medline, Cochrane Central, Scientific Electronic Library Online e portal da Biblioteca Virtual em Saúde, em junho de 2022. Para a seleção e avaliação dos estudos científicos levantados, foram estabelecidos os seguintes critérios de inclusão: publicações entre o ano 2012 e o mês de junho de 2022, estudos observacionais e ensaios clínicos envolvendo seres humanos, nos quais o objetivo fosse avaliar indivíduos com idades entre 12 e 18 anos com diagnóstico de migrânea vestibular e verificar suas principais manifestações clínicas nesse público. Foram excluídos da análise estudos em que o grupo de pacientes com migrânea apresentava outra patologia associada que pudesse interferir nas manifestações clínicas, estudos sobre efeitos de medicações, bem como revisões sistemáticas da literatura, estudos com animais, cartas ao editor, capítulos de livro, resumos de anais científicos, relatos de caso, estudos em japonês e chinês, e estudos que não forneceram informações suficientes para análise. Após aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, dois revisores realizaram a triagem dos registros encontrados mediante a verificação do título e resumo dos estudos. Posteriormente, foi efetuada a leitura na íntegra dos registros selecionados pelos mesmos revisores para inclusão final. RESULTADOS: Os principais sintomas evidenciados foram dor na região de ombros e cervical, tontura, vertigem, náusea, vômitos, fotofobia, fonofobia e a osmofobia. Ressalta-se que tais manifestações clínicas são comuns a outros quadros e, consequentemente, levam a outras hipóteses diagnósticas que podem prejudicar a adequada identificação da migrânea. De maneira geral, todos os adolescentes migranosos tiveram algum sintoma ou diagnóstico psicológico, a ansiedade e a depressão foram os transtornos mais citados. Acredita-se que a identificação precoce dos sintomas é essencial para direcionar a prática clínica de profissionais de saúde que prestam assistência ao público adolescente, e podem encaminhar para um diagnóstico precoce de migrânea e ao tratamento adequado. CONCLUSÃO: Verificou-se que as manifestações clínicas da migrânea na adolescência são semelhantes às da população adulta. Acredita-se que esses achados podem auxiliar na prática clínica de profissionais da APS que atendem adolescentes, possibilitando um diagnóstico precoce de migrânea e amenizando os impactos na qualidade de vida dos pacientes.
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