38º Encontro Internacional de Audiologia

ANAIS - TRABALHOS CIENTÍFICOS

REFLEXO ACÚSTICO CONTRALATERAL EM CRIANÇAS COM DISLEXIA
Krüger, L. F. ; Helena, R. C. S. ; Sleifer, P. ;

INTRODUÇÃO: O reflexo acústico é a contração reflexa involuntária da musculatura da orelha média frente a um estímulo sonoro forte. Para que ele esteja presente, faz-se necessário que as vias auditivas aferentes, eferentes e de associação estejam íntegras. Logo, sua pesquisa pode ser efetuada de forma ipsilateral ou contralateral à orelha avaliada, sendo o último caracterizado por um processo mais complexo, pois há um cruzamento das vias auditivas. Alterações nesses registros podem ser indicativos de alteração das habilidades auditivas relacionadas ao processamento auditivo. Em relação à audição de crianças, estudos indicam que esta exerce papel fundamental no desenvolvimento infantil, pois está ligada à aquisição e desenvolvimento da fala e da linguagem. OBJETIVO: Verificar a possível associação entre ausência de reflexos acústicos contralaterais em crianças com dislexia e limiares auditivos normais, investigando possíveis associações com sexo e orelha. METODOLOGIA: Estudo transversal comparativo, cuja casuística foi composta por 88 crianças de ambos os sexos, com idades entre 9 anos e 11 anos e 11 meses, estudantes do terceiro ao quinto ano do Ensino Fundamental. O grupo de estudo foi composto por 44 crianças com diagnóstico interdisciplinar de dislexia e o grupo controle por 44 crianças sem queixas da mesma e com desenvolvimento típico. Todas as crianças realizaram: audiometria tonal limiar, audiometria vocal, medidas de imitância acústica. Os limiares dos reflexos acústicos foram pesquisados nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 4.000Hz, utilizando-se uma sonda de 226Hz em uma orelha e fone supra aural na outra, sendo que o estímulo acústico foi apresentado por meio da sonda, com intensidade inicial de 70dB e máxima de 110dB em ambas as orelhas. As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio-padrão, ao passo que as variáveis qualitativas foram descritas por frequências absolutas e relativas. Para comparar as orelhas em relação aos resultados do reflexo acústico, o teste t-Student foi aplicado. O nível de significância adotado foi de 5% (p<0,05) e as análises foram realizadas no software SPSS, versão 0.21. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética da instituição de origem, sob protocolo nº 30865. RESULTADOS: Todos os participantes apresentaram reflexo acústico nas frequências de 500 e 1000Hz. Na frequência de 2000Hz, 35% não apresentaram reflexo na orelha direita e 40% na orelha esquerda. Ao passo que, na frequência de 4000Hz, 75% não apresentaram reflexo na orelha direita e na orelha esquerda. Houve diferença estatística entre presença ou ausência de respostas em 2000Hz e 4000Hz da orelha direita (p-valor=0,038 e 0,031 respectivamente) e da orelha esquerda (p-valor=0,033 e 0,029, respectivamente). Em relação a comparação entre os sexos, não houve diferença estatística significativa (p-valor=0,094). CONCLUSÃO: As crianças com dislexia, da amostra pesquisada, apresentaram um percentual importante de reflexos acústicos ausentes nas frequências de 2000Hz e, principalmente, de 4000Hz. Sendo assim, considera-se que são necessárias mais pesquisas que estudem os reflexos acústicos em crianças com este transtorno, a fim de verificar possíveis associações e possibilitar uma análise mais robusta acerca do quanto essa avaliação pode contribuir para uma identificação precoce de alterações nas vias auditivas centrais.

1. Barrozo TF, Pagan-Neves LO, Vilela N, Carvallo RMM, Wertznerb HF. The influence of (central) auditory processing disorder in speech sound disorders. Braz J Otorhinolaryngol. 2016;82(1).p.56-64.
2. Attoni TM, Mota HB. Study and analysis of contralateral acoustic reflex in children with phonological disorder. Braz J Otorhinolaryngol. 2010;76(2). p.231-7.
3. Pereira AEL, Anastasio ART. Reflexo Acústico | Aplicações Clínicas. In: Boéchat EM, Menezes PD, Couto CM, Frizzo ACM, Scharlah RC, Anastasio ART, organizadores. Tratado de audiologia. 2ª ed. São Paulo: Santos; 2015. p. 57- 67.
4. Sleifer P. Avaliação eletrofisiológica da audição em crianças. In: Cardoso MC. Fonoaudiologia na infância: avaliação e tratamento. Rio de Janeiro: Revinter; 2015. p. 171–94.
5. Jerger J, Musiek FE. Report of the Consensus Conference on the Diagnosis of Auditory Processing Disorders in School-Age Children. J Am Acad Audiol. 2000;11:467–474.
DADOS DE PUBLICAÇÃO
Página(s): p.758
ISSN 1983-1793X
https://audiologiabrasil.org.br/38eia/anais-trabalhos-consulta/758


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