DESEMPENHO DE CRIANÇAS USUÁRIAS DE IMPLANTE COCLEAR NO TESTE DA HABILIDADE DE ATENÇÃO AUDITIVA SUSTENTADA: ESTUDO PILOTO
João, R. M. C. ;
Lüders, D. ;
Correia-Baran, J. B. ;
Hamerschmidt, R. ;
Kutianski, V. F. H. ;
Feniman, M. R. ;
Fidêncio, V. L. D. ;
José, M. R. ;
Introdução: A atenção é considerada a habilidade para escolher e se concentrar em um estímulo relevante (1), no qual pode-se citar a atenção sustentada, que é a capacidade do indivíduo de focar em uma atividade contínua, por um período prolongado. No caso da atenção auditiva sustentada, o foco é especificamente em um estímulo sonoro. Essa habilidade é importante para o aprendizado escolar, mas também é essencial em situações cotidianas, pois é fundamental para o processamento de informações, assim como para a aprendizagem de novas tarefas (1), sendo observada a necessidade de se analisar esta habilidade em usuários de dispositivos eletrônicos aplicados à surdez, como o implante coclear. Objetivo: descrever o desempenho de crianças usuárias de implante coclear no teste da habilidade de atenção auditiva sustentada. Metodologia: Aprovação no Comitê de Ética em Pesquisas em Seres Humanos sob CAAE: 62826422.0.0000.8040, parecer número 5.656.402. Para compor a amostra as crianças deveriam apresentar idade entre seis a onze anos, serem usuárias de implante coclear e estarem em processo de reabilitação auditiva. O convite para a participação no estudo foi realizado para as crianças e seus responsáveis, durante os atendimentos de terapia, pela fonoaudióloga responsável pela reabilitação auditiva destas crianças, em uma clínica particular. Os procedimentos do estudo consistiram em entrevista com os responsáveis pelas crianças para obtenção de dados de saúde geral e auditiva, aplicação da 6ª prova do protocolo Glendonald Auditory Screening Procedure – GASP (2) para verificação quanto a compreensão de sentenças, triagem auditiva em campo livre (nas frequências de 500Hz a 4000Hz) e aplicação do Teste da Habilidade de Atenção Auditiva Sustentada – THAAS (3), em campo livre, com os dispositivos de amplificação ligados (implante coclear bilateral ou adaptação bimodal). Os resultados dos dados coletados foram analisados de maneira descritiva. Resultados: A amostra foi composta por seis crianças com idade entre seis a 10 anos, a maioria das crianças foi do sexo masculino (n= 4), usuários de implante coclear bilateralmente (n= 4) ou adaptação bimodal (n= 2), pelo tempo mínimo de 1 ano e 4 meses a um tempo máximo de 9 anos. Observou-se nessa série de casos que a pontuação obtida no tipo de erro desatenção variou entre 10 a 33 e na impulsividade entre 02 a 23. Já no desempenho do THAAS, a pontuação total de erros encontrada foi entre 15 a 43 e o decréscimo de vigilância observou-se o mínimo de zero e máximo de 5. Duas crianças apresentaram desempenho alterado no THAAS. Conclusão: No desempenho do THAAS de crianças usuárias de implante coclear foi observada maior pontuação total de erros em comparação com os dados normativos do THAAS, em crianças com limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade, em consequência da maior frequência de erros do tipo desatenção. Não foi observada alteração quanto ao decréscimo de vigilância nessa amostra quando comparado aos dados normativos do instrumento em crianças com audição normal. As crianças que demonstraram menores pontuações totais de erro no THAAS, foram correspondentes aquelas com maior tempo de uso do implante coclear.
1. Tanaka PJ. Atenção: reflexão sobre tipologias, desenvolvimento e seus estados patológicos sob o olhar psicopedagógico. Construção psicopedagógica. 2008;16(13):62-76.
2. Bevilacqua MC, Tech EA. Elaboração de um procedimento de avaliação de percepção de fala em crianças deficientes auditivas profundas a partir de cinco anos de idade. In: Marchesan IQ, Zorzi JL, Gomes ICD. Tópicos em Fonoaudiologia. São Paulo: Lovise; 1996. p. 411-33.
3. Feniman MR, et al. Proposta de instrumento comportamental para avaliar a atenção auditiva sustentada. Revista Brasileira de Fonoaudiologia. 2007;73(4):1-5.
DADOS DE PUBLICAÇÃO