CARACTERÍSTICAS OCUPACIONAIS E DE SAÚDE AUDITIVA DE TRABALHADORES DE AEROPORTOS
Cipriano, G.S. ;
Mantovani, D.A. ;
Hillesheim, D. ;
Zucki, F. ;
Introdução: A Organização Mundial de Saúde considerou o ruído aeronáutico como a terceira forma de poluição sonora que mais causa problemas à saúde humana. No universo das atividades aeroportuárias, a literatura apresenta diversos artigos voltados para um nicho específico, a tripulação comercial e técnica, compreendida por pilotos de aeronaves e comissários de bordo. Contudo, os trabalhadores de terra de aeroportos, a saber, mecânicos, despachante de bagagem, líderes de rampa, separadores de carga, emissores de carga , pouco são contemplados em pesquisas. Objetivo: Descrever o perfil ocupacional e as características auditivas e extra-auditivas de trabalhadores de aeroportos. Métodos: Estudo transversal, realizado com trabalhadores de aeroportos brasileiros, com idade entre 19 e 59 anos, entre julho e setembro de 2022. Os participantes responderam um questionário eletrônico pré-estruturado que buscou analisar seus riscos ocupacionais. Foram coletadas variáveis sociodemográficas, características do ambiente laboral e relato de sintomas auditivos e extra auditivos. As variáveis sociodemográficas foram: sexo (masculino; feminino); faixa etária (20 a 29; 30 a 39; ≥ 40 anos); raça/cor (branca; preta; parda; amarela; indígena) e escolaridade (sem escolaridade; fundamental incompleto; fundamental completo; nível médio incompleto; nível médio completo; nível superior incompleto; nível superior completo; pós-graduação). Com relação ao ambiente laboral, analisaram-se as variáveis: tempo que exercita a profissão (0 a 5 anos; 6 a 10 anos; 11 a 15 anos; 16 anos ou mais); número de horas trabalhadas por dia (jornada diária) (até 6 horas; 7 a 8 horas; 9 a 10 horas; mais de 10 horas), exposição a ruído no trabalho (não; sim), como classifica a intensidade do ruído no trabalho (baixo; médio; alto/muito alto), utiliza protetor auditivo quando exposto a ruído (não; sim), tipo de protetor auditivo (plug; abafador/concha; ambos; não utiliza); emprego anterior exposto a ruído (não; sim), considera ruído prejudicial para a audição (não; sim), autopercepção auditiva (boa; regular; ruim), dificuldade de acompanhar conversas durante jornada de trabalho exposta a ruído (não, nunca; sim, algumas vezes; sim, frequentemente; sim, sempre); considera exposição a produtos químicos, vibração etc., prejudicial para a audição (não; sim). Ainda, foram analisadas variáveis referentes a presença dos seguintes sintomas auditivos e extra auditivos: zumbido; sensação de estar ouvindo menos; desconforto em ouvir sons intensos; dor de cabeça; estresse; ansiedade; irritabilidade; insônia; dificuldade de concentração (todas categorizadas em não e sim). As variáveis foram analisadas descritivamente, por meio de frequências absolutas e relativas no software Stata 14. Resultados: A amostra foi composta por 20 trabalhadores, sendo maior prevalência do sexo masculino (60,0%). A maioria referiu estar exposto a ruído no trabalho (85,0%) e 12 trabalhadores classificaram o ruído como alto ou muito alto (60,0%). Observou-se maior prevalência de desconforto em ouvir sons intensos (55,0%), seguido de sensação de estar ouvindo menos (50,0%) e zumbido (35,0%). Conclusão: Os trabalhadores de aeroportos apresentaram sintomas auditivos, como desconfortos para sons intensos, sensação de estar ouvindo menos e zumbido, além de sintomas extra-auditivos como, irritabilidade, estresse, insônia e ansiedade. Considera-se que tais sintomas, associados ou isolados, podem afetar a qualidade de vida dentro e fora do ambiente de trabalho.
Vidotti HGM, Sticca MG, Silva TNR da, Menegon NL. Trabalho e saúde dos comissários de bordo: uma revisão. Rev bras saúde ocup [Internet]. 2016;41(Rev. bras. saúde ocup., 2016 41). Available from: https://doi.org/10.1590/2317-6369000116015.
Silva, R. F. G. da, Brito, L. A. P. F. de, & Silva, J. L. G. da. (2020). GESTÃO DO RUÍDO EM UM CENTRO DE MANUTENÇÃO AERONÁUTICO. Revista Brasileira De Gestão E Desenvolvimento Regional, 16(2). https://doi.org/10.54399/rbgdr.v16i2.5585
MORATA, Tc et al. Potential Risks to Hearing Functions of Service Members From Exposure to Jet Fuels. Am J Audiol. 2021 Oct 11;30(3S):922-927.
DADOS DE PUBLICAÇÃO