TRIAGEM AUDITIVA NEONATAL EM RECÉM-NASCIDOS DE MÃES QUE POSITIVARAM PARA COVID-19
Gomes, A.M. ;
Zen, P.R.G. ;
Sleifer, P. ;
Introdução: A triagem auditiva neonatal (TAN) tem como objetivo a detecção precoce da deficiência auditiva, por isso, esta deve ser realizada, preferencialmente, antes da alta hospitalar e, no máximo, no primeiro mês de vida da criança. Isto se deve ao fato do período preconizado para o fechamento do diagnóstico audiológico e posteriormente a intervenção, quando for o caso. A triagem deve ser realizada até o primeiro mês do recém-nascido, o diagnóstico audiológico até os dois meses de idade e a intervenção precoce até os três meses de idade. Apesar desses períodos ideais, no ano de 2020, com a pandemia do COVID-19 e com as restrições sociais, os serviços ambulatoriais foram inicialmente fechados, e no ambiente hospitalar os serviços foram permitidos desde que se usassem os equipamentos de proteção individual preconizados pelo ministério da saúde, no entanto, inicialmente com a falta desses equipamentos, os serviços realmente essenciais é que eram feitos durante a internação. Deste modo, o Comitê Multiprofissional em Saúde Auditiva recomendou que quando não fosse possível realizar no ambiente hospitalar que a TAN fosse realizada somente quando as autoridades sanitárias permitissem. Durante a pandemia, foi se observando um aumento no número de gestantes acometidas pela COVID-19, o que trouxe algumas incertezas sobre o potencial risco desta infecção acometer a saúde auditiva dos neonatos. Objetivo: analisar os resultados da triagem auditiva neonatal dos recém-nascidos de mães que apresentaram diagnóstico de COVID-19 durante a internação obstétrica, atendidos em um Hospital Universitário. Metodologia: Foram avaliados 23 recém-nascidos, cujas mães positivaram durante a internação obstétrica no período de junho de 2021 a março de 2022 em um Hospital Público Universitário. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob nº 5.778.791. Em relação as avaliações audiológicas, todos os recém-nascidos realizaram o exame de emissões otoacústicas evocadas transientes (EOAT) e potencial evocado auditivo de tronco encefálico automático (PEATE-A). Resultados: Os recém-nascidos avaliados, 69,6% eram do sexo feminino e 30,4% eram do sexo masculino, com idade média, no momento da avaliação, de 43 dias de vida. Com relação à presença de indicadores de risco para a deficiência auditiva, 22% apresentaram algum dos indicadores, sendo eles: permanência em UTI neonatal por mais de cinco dias, uso de ventilação mecânica, uso de medicação ototóxica por cinco dias ou mais e infecções congênitas (sífilis e HIV). Nestas avaliações todos os recém-nascidos passaram na TAN. Pode-se salientar de acordo com a média dos resultados das avaliações, que nas EOAT as frequências de 1.5, 2.0 e 2.5 KHz o valor da relação sinal/ruído foi menor que das frequências mais altas em ambas as orelhas. Nas avaliações do PEATE-A a média de significância foi maior na orelha direita (98,6%) do que a orelha esquerda (94%). Conclusão: Na amostra estudada, todos os recém-nascidos de mães que apresentaram diagnóstico de COVID-19 durante a internação obstétrica, apresentaram TAN com resultado dentro dos padrões de normalidade em ambas as orelhas. Cabe ressaltar que estes devem ser monitorados a fim de verificar possíveis acometimentos a longo prazo.
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