AVALIAÇÃO AUDITIVA LONGITUDINAL DE LACTENTES E CRIANÇAS EXPOSTAS E/OU INFECTADAS PELO VÍRUS ZIKA NA REGIÃO DE JUNDIAÍ-SP
Prestes, R ;
Pandini, V.C.M ;
Pomilio, MC.A ;
Pereira, T ;
Andrade, A.N ;
Lourenço, E.A ;
Passos, S.D ;
Introdução: A infecção congênita pelo vírus Zika pode afetar o sistema auditivo periférico e central de indivíduos infectados, sendo necessário monitoramento do desenvolvimento auditivo até os três anos de idade ou mais.
Objetivo: Identificar as alterações auditivas em crianças infectadas ou expostas ao vírus Zika durante a gestação, longitudinalmente até os 36 meses de idade.
Métodos: Todas as crianças participantes apresentaram respostas normais (n=30) na triagem auditiva neonatal com as emissões otoacústicas evocadas por produto distorção (EOAPD) e na pesquisa do reflexo cócleopalpebral, do que nas crianças cujas mães tiveram PCR positivo para ZikV, também foi realizado o PEATE automático (PEATE-A). Nos retornos de acompanhamento aos seis meses de idade (ETAPA 1), foram submetidas ao PEATE-A, à observação do comportamento auditivo e timpanometria. Aos treze e dezoito meses (ETAPA 2), as crianças realizaram observação do comportamento auditivo, audiometria com reforço visual em campo livre e timpanometria. Aos 24 meses (ETAPA 3), foram realizadas EOAPD e timpanometria. Aos 36 meses (ETAPA 4), foi realizado a audiometria tonal, audiometria vocal e timpanometria
Resultados: Em toda população que realizou a triagem auditiva neonatal (n=639), duas crianças apresentaram alteração auditiva, sendo que no acompanhamento (n=30), aos 24 meses, a incidência cumulativa da alteração auditiva ocorreu em 17 crianças. Não houve diferença estatística na detecção da alteração auditiva entre os grupos ZIKV: RT-PCR (+) e RT-PCR (-). Nenhuma perda auditiva neurossensorial foi encontrada no acompanhamento longitudinal.
Conclusão: Na triagem auditiva somente duas crianças (n=639) apresentaram alteração auditiva, já no acompanhamento (n=30) e os resultados alterados alcançaram maiores níveis aos 24 meses (n=30) de idade (17 crianças). Em sua maioria, as alterações observadas eram do tipo condutiva. Apesar da perda amostral comum para estudos longitudinais, esses resultados reforçam a necessidade de realizar o monitoramento audiológico de indivíduos com infecções congênitas até pelo menos três anos de idade, para monitorar as condições auditivas periféricas e desenvolvimento das habilidades auditivas.
Bertozzi, APAP, RE Gazeta, TCG Fajardo, AF Moron, A Soriano-Arandes, A. Alarcon, A. Garcia-Alix, et al. “Prevalence and diagnostic accuracy of microcephaly in a pediatric cohort in Brazil: a retrospective cross-sectional study.” Jornal de Pediatria. 2021, 97 (4): 433–439. doi: 10.1016/j.jped.2020.08.010.
Gazeta RE, Bertozzi APAP , Dezena RDCDAB, Silva ACB, Fajardo TCG, Catalan DT et al. “Three‐year clinical follow‐up of children intrauterine exposed to Zika vírus.” Viruses. 2021: 13: 523. doi: 10.3390/v1303052.
Schuler-Faccini, L. et al. Possible association between ZIKV vírus infection and microcephaly – Brazil. MMWR Morb. Mortal. Wkly.Rep. 2015 Atlanta, n. 65, p. 59–62, 2016.
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