IMPLANTE COCLEAR PÓS-MENINGITE BACTERIANA – RELATO DE CASO
Cunha, P.C.M. ;
Santos, K,T,P. ;
Martins, M.H.L. ;
Ferreira, C.A. ;
Costa, A.C.S. ;
Duarte, P.L.S. ;
INTRODUÇÃO: A meningite bacteriana (MB) é uma patologia que está entre as principais etiologias da perda auditiva neurossensorial adquirida (PANS), em crianças e adultos. De 5% a 35% dos indivíduos que apresentam MB evoluem com PANS severa a profunda bilateral. Dentre os recursos disponíveis, o Implante Coclear (IC) surge como opção de tratamento para indivíduos que apresentam o quadro clínico, porém podem apresentar ossificação coclear, destruição de células ganglionares e lesão do tecido neural, impossibilitando a inserção total do feixe de eletrodos na cóclea e por consequência limitar a performance do IC. OBJETIVO: Demonstrar o desempenho auditivo de indivíduo usuário de IC que apresenta deficiência auditiva profunda bilateral decorrente de meningite bacteriana. METODOLOGIA: Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa (nº 4.969.297). Trata-se de relato de caso de paciente acometida por meningite bacteriana com quadro clínico de deficiência auditiva de grau profundo bilateral submetida à cirurgia de Implante Coclear. Foram realizadas avaliações audiológicas pré e pós-cirúrgica, eletrofisiológica e Testes de Percepção de Fala (TPF). RESULTADOS: F.S.S, sexo feminino, 59 anos de idade, no mês de Maio de 2021 ficou internada na UTI por 16 dias, após diagnóstico de MB. Relata que ao despertar do coma induzido, tentou comunicar-se com a filha e percebeu que não conseguia ouvir, mesmo sons de forte intensidade. Após alta hospitalar, realizou exames audiológicos apresentando PANS de grau profundo bilateral, curva timpanométrica tipo “A” com ausência do reflexo acústico bilateral, ausência das Emissões Otoacústicas transientes e dos Potenciais Auditivos, em ambos ouvidos. Por meio dos exames de imagem, foi visualizada labirintite ossificante e nervos cocleares assimétricos, exigindo assim a realização da cirurgia de IC, em caráter emergencial. Por meio dos exames TPF e GF (Ganho Funcional) com prótese auditiva bilateral, não foi observado benefício com o uso da mesma. Após 10 meses do diagnóstico, foi realizada a cirurgia de IC unilateral, com inserção parcial (inseridos 8 de 12) do feixe de eletrodos. A Telemetria de Impedância intra-operatória, apresentou valores normais de complacência, porém não foi visualizado Potencial de Ação do Nervo Auditivo (ECAP) em nenhum dos eletrodos. Durante a ativação, os eletrodos 9 a 12 não propiciaram sensação auditiva, optando assim por desativá-los. Iniciou imediatamente a Terapia Fonoaudiológica, realizando o 1º acompanhamento do IC, após 45 dias da ativação. Nessa 1ª sessão, a paciente relatou boa adaptação, uso contínuo e melhora da percepção de fala. O GF com a programação habitual demonstrou limiares entre 35-40dB nas frequências de 0,5 a 4KHz, 80% de reconhecimento dissílabos e 84% de reconhecimento de sentenças-CPA. CONCLUSÃO: Por meio dos resultados auditivos relatados, pôde-se observar que o IC mesmo com inserção parcial dos eletrodos e por curto período de adaptação, foi capaz de fornecer audibilidade para sons fracos, melhora significativa do reconhecimento de palavras e sentenças, propiciando adequada compreensão de fala. O relato corrobora com a premissa que o IC é um recurso tecnológico mais indicado, com prognóstico favorável para deficientes auditivos pós-linguais com tempo curto de privação sensorial.
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4. Guedes MC, Brito Neto RV, Goffi Gomez MVS, Sant’Anna SBG, Peralta CGO, Castilho AM, et al. Telemetria de resposta neural intra-operatória em usuários de implante coclear. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia [Internet]. 2005 Oct 1 [cited 2022 Jul 20];71:660–7. Available from: https://www.scielo.br/j/rboto/a/DvWM7FjVNbzdrRzMj6HkQfn/?lang=pt -
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