ESTUDO DO SISTEMA AUDITIVO PERIFÉRICO EM CRIANÇAS CANDIDATAS A CIRURGIA DE ADENOIDE E/OU AMÍGDALAS
Sanches, A.B. ;
Penatti, H.C. ;
Donadon, C. ;
Souza, I.P. ;
Silva, I.V. ;
Colella-Santos, M.F. ;
Introdução: A hipertrofia de adenoide e/ou amígdalas pode ocasionar mau funcionamento da tuba auditiva, devido à sua disposição anatômica e predisposição a acometimentos infecciosos, o que pode ser determinante para o desenvolvimento de otites médias (1,2). Quando há a inflamação crônica dessas estruturas a cirurgia para remoção é recomendada. Objetivos: Analisar e comparar os resultados obtidos na avaliação periférica da audição de crianças candidatas a cirurgia de adenoide e/ou amígdalas com os resultados de crianças sem queixas fonoaudiológicas. Metodologia: Estudo quantitativo, transversal, de caráter descritivo e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o parecer 3.753.188. A amostra foi constituída por 95 sujeitos de cinco a 12 anos, sendo 35 do sexo feminino e 60 do masculino, distribuídos em dois grupos: grupo estudo (GE) com 59 crianças que foram submetidas ao procedimento cirúrgico e grupo controle (GC) com 36 crianças que não realizaram cirurgia, com bom desempenho escolar e que não apresentavam queixas auditivas e de respiração oral. Foram realizados os seguintes procedimentos: avaliação otorrinolaringológica, anamnese fonoaudiológica, meatoscopia, audiometria tonal liminar, logoaudiometria, timpanometria de banda larga em pressão ambiente (PA) e em pico de pressão (PP), pesquisa de reflexos acústicos e emissões otoacústicas transientes (EOAT) e por produto de distorção (EOAPD) em condições PA e PP. Resultados: Houve diferença significativa entre os grupos para a classificação da timpanometria de banda larga (normal/alterada) e o tipo de curva timpanométrica, em que somente o GE apresentou alteração e curvas do tipo B e C. Obtivemos diferença significativa entre os grupos para a medida de absorvância acústica nas frequências de 226Hz a 500Hz e de 1000Hz a 1587Hz na condição PA e de 226Hz a 1000Hz na condição PP, em que o GE apresentou menores valores de absorvância acústica. Além disso, houve diferença na classificação da curva de absorvância (normal/alterada), em ambas as condições de pressão, com pior desempenho do GE. Comparando-se as classificações (normal/alterada) da curva timpanométrica e da curva de absorvância acústica, identificou-se maiores alterações para a curva de absorvância. O estudo apontou que houve diferença entre os grupos para a presença das EOAT e EOAPD, em ambas condições de pressão, em que o GC apresentou maior prevalência de presença de emissões. A partir das avaliações também buscou-se relacionar as variáveis auditivas para a condição de hipertrofia das tonsilas, e assim as medidas de absorvância acústica nas frequências de 226Hz a 1260Hz em condição pico de pressão e nas frequências de 226Hz a 1587Hz em condição pressão ambiente, demonstraram-se variáveis significantes na predição de ser do grupo estudo, ou seja, permitindo predizer que quanto menor a medida de absorvância, essa estará relacionada ao GE. Conclusão: As crianças candidatas a cirurgia apresentaram resultados inferiores nas avaliações auditivas quando comparados ao grupo controle. Os resultados do estudo sugerem uma ineficiência da orelha média destas crianças. Desta forma, recomendamos a avaliação auditiva nas crianças que apresentam a condição de hipertrofia de adenoides e/ou amígdalas.
1. Carvalhal ML, Castagno LA. Hipertrofia da amígdala faríngea: clínica e cirúrgica. Rev Bras Otorrinolaringol. 1986;52(2):16-9.
2. Arambula A, Brown JR, Neff L. Anatomy and physiology of the palatine tonsils, adenoids, and lingual tonsils. World J Otorhinolaryngol Head Neck Surg. 2021 Jun 27;7(3):155-160. doi: 10.1016/j.wjorl.2021.04.003.
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