PROCESSAMENTO AUDITIVO CENTRAL DE CRIANÇAS NAS FASES PRÉ E PÓS REMOÇÃO CIRÚRGICA DE TONSILAS FARÍNGEAS E/OU PALATINAS
Sanches, A.B. ;
Penatti, H.C. ;
Souza, I.P. ;
Silva, I.V. ;
Colella-Santos, M.F. ;
Introdução: A cirurgia para remoção de tonsilas faríngeas e palatinas é um dos procedimentos otorrinolaringológicos mais realizados no mundo, especialmente na população pediátrica, e traz benefícios na qualidade de vida das crianças (1,2). Objetivos: Analisar os resultados obtidos na avaliação do processamento auditivo central de crianças nas fases pré e pós-remoção cirúrgica de tonsilas faríngeas e/ou palatinas. Metodologia: Trata-se de estudo quantitativo, longitudinal, de caráter descritivo e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob o parecer 3.753.188. A amostra foi constituída por 15 sujeitos de cinco a 12 anos, sendo três do sexo feminino e 12 do masculino, avaliados nas fases pré e pós cirúrgica, esta última entre o período de três a seis meses após o procedimento cirúrgico. Foram realizados os seguintes procedimentos: avaliação otorrinolaringológica, anamnese fonoaudiológica, Scale of Auditory Behaviors-SAB, meatoscopia, audiometria tonal liminar, logoaudiometria, timpanometria de banda larga, pesquisa dos reflexos acústicos e avaliação comportamental do processamento auditivo central - PAC (testes de identificação de sentenças sintéticas – SSI ou de identificação de sentenças pediátricas - PSI, dicótico de dígitos - TDD e detecção de intervalos aleatórios-RGDT). Resultados: Houve diferença estatisticamente significante entre as fases na audiometria tonal limiar nas frequências de 1000Hz a 3000Hz, em que os sujeitos na fase pós apresentaram melhores limiares auditivos. Na timpanometria de banda larga também houve diferença, em que o índice de normalidade subiu de 86,7% no pré para 100% no pós. Para a medida de abosrvância acústica houve diferença para as frequências de 500, 630 e 749Hz, em que a média de absorvância aumentou no pós. Houve diferença significante na comparação da pontuação total do SAB, em que a média de pontos subiu de 40,83 no pré para 46,75 no pós. E para a avaliação do PAC houve diferença estatisticamente significante entre as fases para a porcentagem de acertos do TDD obtendo-se 87,25% na fase pré e 96,63% na fase pós, e para o limiar do RGDT de 8,97ms no pré para 6,19ms no pós, sendo assim, os sujeitos apresentaram melhores resultados na avaliação pós-cirúrgica. Também houve diferença entre as fases segundo o critério de normalidade da bateria comportamental do PAC, apresentando melhora significativa na fase pós, atingindo 80% de normalidade comparado a apenas 20% na fase pré. Conclusão: O estudo apontou para prejuízo das habilidades auditivas de figura-fundo e resolução temporal nas crianças que apresentavam a hipertrofia de tonsilas faríngeas e/ou palatinas, e pior pontuação na escala SAB. Contudo, os sujeitos na fase pós-operatória apresentaram melhores resultados nas avaliações do processamento auditivo central quando comparadas a fase pré. Dessa forma, recomendamos a avaliação do processamento auditivo central após o procedimento cirúrgico.
1. Rebechi G, Pontes TE, Braga EL, Matos WM, Rebechi F, Matsuyama C. Are Histologic Studies of Adenotonsillectomy Really Necessary? Int. Arch. Otorhinolaryngol. 2013;17(4):387-9.
2. Beraldin BS et al. Avaliação do impacto da adenotonsilectomia sobre a qualidade de vida em crianças com hipertrofia das tonsilas palatinas e faríngeas. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia [online]. 2009, v. 75, n. 1, pp. 64-69.
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