TRANSTORNO DO ZUMBIDO: COMO ELE IMPACTA NAS HABILIDADES AUDITIVAS DE ADULTOS JOVENS?
Coradini, L. ;
Moreira, H. G. ;
Tessele, D.R. ;
Malavolta, V.C. ;
Soares, L. S. ;
Sanfins, M. D. ;
Garcia, M. V. ;
Introdução: O zumbido é um sintoma otológico prevalente, relacionado à percepção consciente de uma sensação auditiva na ausência de estimulação acústica externa. Este torna-se um transtorno quando traz alterações comportamentais e incapacidade funcional ao portador. Desse modo, por tratar-se de um ruído competitivo e pelos impactos cognitivos advindos da percepção do sintoma, esse pode impactar diretamente no processamento do sinal acústico, tendo em vista a interdependência desses aspectos. Nesse sentido, estudos aconselham avaliar o processamento auditivo nos pacientes com o sintoma, para poder intervir nas alterações encontradas. Objetivo: Investigar as habilidades auditivas de sujeitos adultos jovens com transtorno do zumbido. Metodologia: Estudo prospectivo, quantitativo e transversal, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa, sob o número 56038322100005346. Participaram do estudo 35 sujeitos (25 do sexo feminino e 11 do masculino), com idade entre 19 e 35 anos (M-idade=23,8 anos), escolarizados (M-escolaridade=15,8 anos), língua materna o português brasileiro, limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade, integridade de orelha média constatada por meio da curva timpanométrica tipo “A” e reflexos acústicos contralaterais presentes, bilateralmente. Indivíduos com comprometimento neurológico e/ou psiquiátrico diagnosticados e bilíngues, foram excluídos da amostra. Os sujeitos foram subdivididos em dois grupos: Grupo 1 (G1) composto por 16 sujeitos (4 homens e 12 mulheres) com idades entre 20 e 30 anos (média de 22,8 anos), sem zumbido e grupo 2 (G2) constituído por 19 sujeitos (5 homens e 14 mulheres) com idades de 19 a 35 anos (M- 24,6 anos), com percepção de zumbido. Todos os indivíduos foram submetidos a anamnese, Inspeção Visual do Meato Acústico Externo, Audiometria Tonal Liminar, Logoaudiometria, Medidas de Imitância Acústica e como Instrumento de Avaliação os Testes Comportamentais do Processamento Auditivo Central - Teste Dicótico de Dígitos (TDD)- etapa de integração binaural, Teste Padrão de Frequência (TPF)- Auditec, Fala com Ruído (FR) relação sinal-ruído +5dB ipsilateral, Masking Level Difference (MLD) e Gap in Noise (GIN) aplicado de forma monoaural (faixa 1). Para a realização da análise estatística, foi selecionado o Teste U de Mann-Whitney para análise comparativa entre os grupos, sendo considerado p-valor <0,05 (5%). Resultados: Foi possível evidenciar diferenças estatisticamente significantes para o TDD da orelha esquerda (p-valor=0,006) e para o GIN de ambas as orelhas (OD-p-valor=0,008 e OE-p-valor=0,024). Entretanto, não evidenciaram diferenças para o TPF (p=0,166) e MLD (p-valor=0,769). Tais achados, demonstram que indivíduos com transtorno do zumbido apresentam déficits na integração binaural e resolução temporal, ou seja, esses indivíduos têm um maior tempo mínimo para segregação e resolução dos estímulos acústicos. Sendo assim, há maior percepção e discriminação entre os sinais sonoros, dos quais impactam diretamente no processamento do sinal acustico, inferindo que o zumbido apresenta-se como um som competitivo que interfere na integração binaural dos sons, dificultando a concentração e atenção, assim como o zumbido contínuo mascara o gap e resulta na necessidade de duração maior do gap para detecta-lo. Conclusão: Os indivíduos adultos jovens com transtorno do zumbido apresentaram piores resultados nas habilidades de integração binaural e resolução temporal quando comparados a indivíduos sem zumbido.
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