EFEITOS DO RUÍDO COMPETITIVO NO DESEMPENHO AUDITIVO DE INDIVÍDUOS USUÁRIOS DE AASI
Ferreira, M, C. ;
Macambira, Y, K, S. ;
Lima, J, V, S. ;
Reis, A, C, M, B. ;
Introdução: os Potenciais Evocados Auditivos de Longa Latência (PEALL) são exames eletrofisiológicos que refletem a atividade do sistema nervoso auditivo central. O efeito do ruído competitivo nos PEALL tem sido discutido no âmbito científico, entretanto, a divergência de resultados encontrados na literatura tem dificultado compreensão deste efeito. Objetivo: analisar os efeitos do ruído competitivo nas respostas de latência dos PEALL (P1, N1, P2, N2 e P3) em indivíduos adultos com perda auditiva pós-lingual e usuários de Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). Método: o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da instituição de origem (CAAE: 39447020.3.0000.5440). Trata-se de um estudo observacional de delineamento analítico, transversal e com amostra de conveniência. Participarão 60 indivíduos entre 18 e 65 anos, de ambos os sexos, divididos em três grupos de 20 indivíduos: G1 e G2, compostos por indivíduos com perda auditiva pós-lingual, sensorioneural bilateral, simétrica e de grau moderado a severo, sendo G1 usuários de AASI e G2 sem uso de qualquer dispositivo auxiliar à audição; e grupo controle (GC), composto por normo-ouvintes. Serão considerados critérios de exclusão para os três grupos presença de comprometimento de orelha externa ou média, dificuldades na compreensão e memorização de sentenças, doenças neurológicas diagnosticadas e distúrbio psiquiátrico ou psicológico importantes. Todos os grupos passarão pelos seguintes procedimentos: análise do prontuário eletrônico; pesquisa dos limiares auditivos; aplicação do teste de percepção de fala com ruído (HINT) e registro dos PEALL com estímulo de fala (/ba/ e /ta/) e nas condições sem ruído e com ruído (SR+10), a 75 dbNA. Resultados: o estudo encontra-se em andamento e não foi submetido a análise estatística. Portanto, os resultados apresentados derivam de uma análise qualitativa dos dados coletados até o momento. Em relação ao HINT, o grupo G1 apresentou maior média do limiar de reconhecimento de sentença (7,9 dB), ou seja, foi o que mais apresentou dificuldade de reconhecimento de fala no ruído, seguidos por G2 (4,8 dB) e GC (-13,8 dB). Quanto ao efeito do ruído nos valores de latência dos PEALL, em G1 houve aumento de P1, P2 e N2 e diminuição de N1 e P3; em G2 houve diminuição de todos componentes, exceto P3; e em GC houve aumento de todos os componentes. Ao comparar o desempenho entre os grupos na condição sem ruído, os menores valores de latência de P1 e N1 pertenceram a G2, GC e G1, respectivamente; de P2 a GC, G1 e G2, respectivamente; de N2 a G2, GC e G1, respectivamente; e de P3 a G2, G1 e GC, respectivamente. Na condição SR+10, o G2 apresentou os menores valores de latência em todos os componentes, seguidos por G1 e GC. Conclusão: devido ao andamento da coleta de dados, a latência dos PEALL apresentaram respostas variadas ao introduzir o ruído. Nos três grupos, enquanto alguns componentes apresentaram aumento da latência, outros apresentaram efeito contrário e vice-versa. Após completar o n amostral e a análise estatística, esperamos verificar a resposta do sistema auditivo em situações de escuta semelhantes às vivenciadas no dia-a-dia e contribuir com diagnóstico e intervenção mais efetivos.
ANGRISANI, R. G. et al. Monitoramento eletrofisiológico do sistema auditivo central em crianças nascidas pequenas para a idade gestacional. Audiology-Communication Research, v. 25, 2020.
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