QUEIXAS RELACIONADAS AO SONO EM ADULTOS E IDOSOS COM DISTÚRBIO VESTIBULAR: ESTUDO RETROSPECTIVO
Nascimento, LL ;
Gushiken, P ;
Lopes, KC ;
Ganança, FF ;
BRANCO-BARREIRO, FCA ;
Introdução: A privação do sono e a síndrome da apneia do sono alteram a função vestibular relacionada aos controles oculomotor e postural e, por sua vez, as doenças vestibulares induzem a distúrbios do sono. Estudo recente mostrou que a qualidade do sono é um fator preditivo para pior percepção da qualidade de vida e maior risco de quedas em indivíduos com vestibulopatias periféricas. Objetivo: Investigar queixas de alteração do sono em adultos e idosos com distúrbio vestibular, bem como comparar o número e o risco de quedas e a severidade da tontura entre indivíduos com e sem queixas de alterações do sono. Método: Trata-se de um estudo observacional retrospectivo transversal descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade. Foi utilizado um banco de dados constituído por 77 pacientes, submetidos à reabilitação vestibular em um hospital universitário na cidade de São Paulo, de 2020 até abril de 2022. Os critérios de inclusão foram: idade igual ou superior a 18 anos, ambos os gêneros e diagnóstico clínico de tontura crônica decorrente de distúrbio vestibular. Foram excluídos os indivíduos com déficit cognitivo e sem deambulação independente. Foram levantadas informações para caracterização sociodemográfica e clínica da amostra, bem como os resultados da avaliação pré-reabilitação vestibular nos instrumentos de avaliação do risco de queda (Teste Timed Up and Go – TUG e Índice de Marcha dinâmica - Dynamic Gait Index - DGI) e da severidade da tontura (Questionário de Handicap da Tontura - Dizziness Handicap Inventory – DHI). Para comparar os grupos quanto às variáveis de idade, número de quedas, risco de quedas e severidade da tontura foi utilizado o do teste t de Student para amostras independentes. Para comparar os grupos com e sem queixa de sono em relação ao gênero foi utilizado o teste exato de Fisher. Resultados: Foram incluídos os dados de 51 indivíduos, sendo 35 mulheres (68,6%) e 16 homens (31,4%), entre 29 e 92 anos. Destes, 36 (70,6%) apresentaram queixas relacionadas ao sono, sendo 6 (11,76%) usuários de medicamentos indutores de sono. As queixas mais frequentes foram: sono interrompido/entrecortado, insônia, qualidade ruim e instabilidade da qualidade e quantidade do sono. Não houve diferença estatisticamente significante entre os participantes com e sem queixas de sono em relação ao número de quedas (p=0,980). Quanto ao risco de quedas, a média do desempenho no TUG foi de 15,1 segundos no grupo com queixas de sono, e de 17,19 segundos no grupo sem queixas de sono (p=0,520). No DGI, a média foi de 16,5 pontos no grupo com queixas de sono, e 15 pontos no grupo sem queixas de sono (p=502). O escore total médio no DHI foi de 55 pontos no grupo com queixas de sono e de 61,2 no sem queixas de sono (p=0,254). Conclusão: As queixas relacionadas ao sono foram altamente prevalentes nos adultos e idosos com distúrbios vestibulares. No entanto, o número e o risco de quedas e a severidade da tontura foram semelhantes nos indivíduos com e sem queixas relacionadas ao sono.
ANDRADE, M. C. et al. Individuals with peripheral vestibulopathy and poor quality of sleep are at a higher risk for falls. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology [online], v. 87, n. 4 , pp. 440-446, 2021.
KIM SK, KIM JH, JEON SS, HONG SM. Relationship between sleep quality and dizziness. PLoS ONE 13(3): e0192705, 2018.
PIMENTEL, B. N.; FILHA, V. A. V. dos S. Influence of chronic sleep deprivation on maintenance of postural balance. Research, Society and
Development, [S. l.], v. 9, n. 2, p. e15921944, 2020. DOI:
DADOS DE PUBLICAÇÃO