HIPERSENSIBILIDADE A SONS EM ESCOLARES
PAULINO, TF ;
BARROS, ACMP ;
SCHARLACH, RC ;
BRANCO-BARREIRO, FCA ;
Introdução: A hiperacusia é uma condição crônica que pode ser definida como uma tolerância reduzida ou uma hipersensibilidade a sons cotidianos. Pode ter efeitos negativos no comportamento das crianças; os sons podem ser percebidos como dolorosos e desencadear condutas de evitação, levando ao isolamento e influenciando as interações sociais e atividades diárias com potenciais consequências na educação, comunicação e aprendizagem. Atualmente não existe consenso em relação aos métodos de avaliação ou tratamento para uso em crianças com hiperacusia. Objetivos: Investigar a queixa de hipersensibilidade a sons em escolares e possíveis fatores associados, bem como se há concordância entre a percepção das crianças e dos pais sobre a sua presença. Método: Estudo observacional transversal, prospectivo e descritivo, aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa. Foram convidados a participar do estudo crianças de nove a 14 anos, alunos do Ensino Fundamental, de escolas particulares e públicas, recrutados a partir de mídias sociais. A hipersensibilidade a sons nos escolares foi avaliada por meio de um inquérito respondido pelos pais e/ou responsáveis e de outro inquérito respondido pelas próprias crianças, disponibilizados em ambiente virtual por meio da plataforma digital Google Forms. Foi verificada a ocorrência dos seguintes possíveis fatores associados: hipersensibilidade a luzes e/ou odores e cinetose. Foi realizada análise estatística descritiva, o teste exato de Fisher para avaliar a relação com fatores associados e coeficiente kappa (κ) para avaliar a concordância entre a percepção de pais e crianças. Resultados: Participaram da pesquisa 60 crianças, sendo 37 (61,67%) meninos e 23 (38,33%) meninas. Dos 60 participantes, 28 (45%) responderam se incomodar com algum tipo de som, sendo que os sons mais citados como incômodos foram: gritos (17,39%) e barulho de moto (7,82%.). A reação mais comum aos sons foi cobrir as orelhas (47,61%). Quanto ao incômodo com luzes e/ou odores, 14 crianças (15 23,33%) relataram esta queixa e 14 (23,33%) tinham queixa de cinetose. Segundo os pais, 10 crianças (16,67%) apresentavam hipersensibilidade a sons. Segundo as próprias crianças, 9 nove (15%) apresentavam hipersensibilidade auditiva. No grupo de crianças com hipersensibilidade a odores e/ou luzes, houve maior ocorrência de hipersensibilidade auditiva segundo os pais (p=0,044) e as crianças (0,025). A concordância entre a percepção de pais e filhos aponta para prevalência de 8,33% de hipersensibilidade a sons entre os escolares participantes do estudo. Conclusão: A queixa de hipersensibilidade a sons ocorreu mais nos escolares com hipersensibilidade a luzes e/ou odores. Houve concordância entre a autopercepção de hipersensibilidade auditiva pelos escolares e a percepção dos pais.
Potgieter, I., Fackrell, K., Kennedy, V. et al. Hyperacusis in children: a scoping review. BMC Pediatr 20, 319 (2020).
Ralli, M., Greco, A., Altissimi, G., Tagliaferri, N., Carchiolo, L., Turchetta, R., Fusconi, M., Polimeni, A., Cianfrone, G., & Vincentiis, M. (2018). Hyperacusis in Children: A Preliminary Study on the Effects of Hypersensitivity to Sound on Speech and Language. The international tinnitus journal, 22(1), 10–18.
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