PANORAMA QUANTITATIVO DA INDICAÇÃO DE DISPOSITIVOS AUDITIVOS DE UM CENTRO ESPECIALIZADO EM REABILITAÇÃO AUDITIVA DA REDE SUS
CARVALHO, H. A. S. ;
SOARES, L. S. S. ;
TELES, B. B. ;
PIGOSSO, C. F. S. ;
TAKEUTI, A. A. ;
KUCHAR, J. ;
INTRODUÇÃO: Os dados epidemiológicos da deficiência auditiva no Brasil encontram-se, no momento, em processo de formação. Porém, é evidente a alta demanda por avaliação e intervenção na perda auditiva de usuários oriundos da regulação do Sistema Único de Saúde (SUS). A indicação da tecnologia dos aparelhos auditivos deve corresponder, prioritariamente, às demandas auditivas dos indivíduos, porém, na realidade ainda encontra o desafio de atender ao quantitativo preconizado pelas diretrizes vigentes atuais. OBJETIVO: Mapear quantitativamente as indicações de dispositivos auditivos para a população encaminhada pelo sistema de regulação do Distrito Federal a fim de nortear as tomadas de decisões profissionais quanto à indicação de tecnologias dos aparelhos auditivos oferecidos aos usuários dos serviços de saúde auditiva da rede SUS. METODOLOGIA: Foi realizada análise retrospectiva dos dados de indicação de um Centro Especializado em Reabilitação Auditiva de média e alta complexidade em Brasília que são disponibilizados para acesso público no sistema DATASUS, subsidiado pelo Governo Federal, no período de janeiro a dezembro do ano de 2021. Por tratar-se de análise de dados de acesso público, esse estudo dispensa a apreciação de Comitê de Ética em Pesquisa – CEP/CONEP, conforme dita a resolução CNS/MS 510/16. Os dados foram categorizados pelo quantitativo geral, comparação entre o número de indicações de tecnologias tipo A, B e C estabelecidas pelo SUS, quantitativo e estratificação por gênero nas indicações para dispositivos unilateral convencional para indivíduos com perda auditiva unilateral e que obtiveram benefícios com o uso de apenas um dispositivo, unilateral com transmissor CROS, bilateral convencional e bilateral BICROS e predominância da lateralidade de orelha com indicações de uso do sistema CROS. A análise dos dados foi realizada de forma descritiva através de frequência absoluta e relativa. RESULTADOS: Foram coletadas as informações das indicações de aparelhos auditivos de 1343 indivíduos, com predominância do gênero feminino em todos os tipos de indicações (n=792), sendo 40% deles beneficiados com a tecnologia tipo A e 43% com a tecnologia tipo B, enquanto a tecnologia tipo C foi indicada para 17% desses usuários. Quanto aos tipos, as indicações bilaterais convencionais lideraram com o total de 85% dos indivíduos enquanto as indicações unilaterais responderam por 9% dos casos. Os usuários que receberam indicação de uso do sistema CROS totalizam 7% dos usuários totais distribuídos entre 3% para indicações de sistema CROS com perda auditiva unilateral exclusiva e 4% para usuários com perda auditiva bilateral e que necessitam da tecnologia BICROS. O estudo revelou que 52% dos usuários com sistema CROS unilateral exclusivo e 60% dos usuários com sistema BICROS receberam indicação predominantemente do transmissor para a orelha direita. CONCLUSÃO: O estudo identificou uma predominância de perdas auditivas bilaterais entre os usuários e busca mais frequente por soluções auditivas entre as mulheres. Os sistemas CROS e BICROS demonstraram maior frequência de adaptação do transmissor na orelha direita. As indicações das tecnologias tipos B e C extrapolaram a cota estipulada pelas diretrizes nacionais e, portanto, incentiva o debate sobre a flexibilização desses números a fim de atender às demandas auditivas reais dos usuários SUS.
1. Gondim L, Balen S, Zimmermann K, Pagnossi D, Fialho I, Roggia S. Estudo da prevalência e fatores determinantes da deficiência auditiva no município de Itajaí, SC. Braz J Otorhinolaryngol. 2012
2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde, portaria nº 587, de 08 de outubro de 2004. Anexo IV - Diretrizes para o fornecimento de aparelhos de amplificação sonora individual (AASI). (Acesso em 12 de Janeiro de 2023) Disponivel em: https://www.saude.mg.gov.br/images/documentos/Portaria_587.pdf
3. Brasil, Ministério da Saúde. Banco de dados do Sistema Único de Saúde-DATASUS. Disponível em https://datasus.saude.gov.br/acesso-a-informacao [Acesso em 13 de janeiro de 2023]
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