TREINAMENTO AUDITIVO COGNITIVO, ACONSELHAMENTO FONOAUDIOLÓGICO E ANSIEDADE E DEPRESSÃO: QUAIS OS RESULTADOS EM ADULTOS JOVENS COM TRANSTORNO DO ZUMBIDO?
Schumacher, C. G. ;
Moura, A. F. ;
Moreira, H. G. ;
Malavolta, V.C. ;
Garcia, M. V. ;
Introdução: Estimular a neuroplasticidade por meio de um Treinamento Auditivo Cognitivo (TAC) pode promover mudanças neuroplásticas e um impacto positivo no zumbido, por meio de estratégias que estimulam habilidades auditivas, linguagem, metacognitivas e cognitivas. Dentre as teorias da geração do zumbido, está posta na literatura que existem mudanças neuroplásticas centrais, que trazem impactos em áreas corticais e de sistema límbico, assim impulsionar a neuroplasticidade pode ser oportuno em sujeitos com o sintoma. Acredita-se que toda intervenção ao zumbido precisa ter início no aconselhamento fonoaudiológico, no qual são realizadas orientações acerca de saúde geral e bem-estar. Objetivo: Analisar a eficácia de um treinamento auditivo cognitivo no alívio da percepção e incômodo com o transtorno do zumbido e da influência do aconselhamento fonoaudiológico e da ansiedade e depressão no resultado terapêutico. Método: Estudo quantitativo, cego e longitudinal. Aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa da instituição sob número 12626018.2.0000.5346. Foram selecionados os sujeitos que se enquadraram nos critérios de elegibilidade: idade entre 18 e 59 anos; de ambos os gêneros; com queixa de zumbido crônico (por no mínimo seis meses), configurando transtorno do zumbido unilateral ou bilateral; curvas timpanométricas do tipo “A”; acuidade auditiva periférica que permitisse a percepção da estimulação sonora; apresentar carteira de vacinação contra a COVID-19; não estar realizando nenhuma intervenção ou tratamento para o zumbido. Deste modo, treze sujeitos com zumbido crônico foram submetidos a intervenção com o Treinamento Auditivo Cognitivo sendo distribuídos em dois grupos: Grupo 1 - sete sujeitos submetidos às sessões de treinamento sem aconselhamento fonoaudiológico prévio, e Grupo 2 - seis sujeitos que receberam aconselhamento fonoaudiológico associado a proposta de intervenção. A avaliação do zumbido foi realizada com Tinnitus Handicap Inventory (THI), Escala Visual Analógica para Loudness (EVA L) e Incômodo (EVA I) e utilizada a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (EHAD) para verificar se os aspectos emocionais influenciariam nos achados após intervenção. Resultados: A comparação entre o pré e pós das variáveis EVA L, EVA I e THI Pré e Pós intervenção, resultou em significância estatística para ambos os grupos (p-valor da comparação pré e pós: EVA L =0,003; EVA I=0,002; THI= 0,001). A correlação entre os achados pré e pós intervenção da EVA I, EVA L e THI com a EHAD resultou em valores sem significância estatística, respectivamente, para ansiedade (p-valor = 0,956; p-valor = 0,736; p-valor = 0,838) e para depressão (p-valor = 0,573; p-valor = 0,380; p-valor = 0,420). Também não foi encontrada significância na comparação entre as variáveis Pós com o G1 e G2, expondo que não houve influência do aconselhamento no TAC (p-valor: EVA I PÓS= 0,45; EVA L PÓS= 0,59; THI PÓS= 0,88). Conclusão: O presente estudo verificou que a proposta de tratamento do zumbido através do treinamento auditivo cognitivo foi eficaz para a redução da loudness e incômodo do zumbido, sem sofrer influência do aconselhamento fonoaudiológico e dos aspectos emocionais (ansiedade e depressão) nos resultados terapêuticos, possivelmente pelos efeitos da neuroplasticidade.
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Bruno, R. S., & Garcia, M. V. (2021). Aconselhamento Fonoaudiológico: um formato único e personalizado para sujeitos com zumbido crônico. Distúrbios da Comunicação, 33(2), 287-298.
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