HIPERACUSIA NA INFÂNCIA: ESTUDO PRELIMINAR DE UMA PROPOSTA DE INTERVENÇÃO NO PÚBLICO INFANTIL
MALAVOLTA, V.C. ;
MOREIRA, H.G. ;
KONRATH, G. ;
GARCIA, M.V. ;
Introdução: A hiperacusia se trata da hiperatividade da via auditiva frente a apresentação de um estímulo sonoro, que pode gerar dor, irritabilidade e/ou desconforto nos sujeitos que a experienciam. Além disso, no público infantil, a hiperacusia pode trazer isolamento social e impactos na socialização. Apesar da importância da hiperacusia nesses casos, ainda não existem protocolos de reabilitação específicos e que demonstrem a sua efetividade. Objetivo: analisar a efetividade de um protocolo de reabilitação da hiperacusia para o público infantil através de um relato de caso. Metodologia: o presente estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa sob o número 57700721.0.0000.5346. O Termo de Assentimento foi assinado pela responsável do sujeito. O sujeito participante era do sexo masculino, tinha seis anos de idade, não fazia uso de medicação contínua e nem outro tipo de tratamento. Inicialmente, foram realizadas as seguintes avaliações: Entrevista Inicial, Audiometria Tonal Liminar, Medidas de Imitância Acústica, Limiar de Desconforto e mensuração do grau da hiperacusia (campo dinâmico da audição). Após a avaliação, o sujeito foi submetido ao protocolo de intervenção. O mesmo foi elaborado com base nos princípios da Tinnitus Retraining Therapy adaptado para hiperacusia, no entanto com modificações visando o público infantil e os novos estudos de fisiopatologia da área. Dessa forma, o protocolo consistiu em oito sessões, sendo quatro acusticamente controladas e outras quatro em campo sonoro. Nas quatro primeiras sessões, o sujeito deveria ser exposto a um tom puro no limiar de desconforto, sendo o mesmo aumentado gradativamente, de 1dB em 1dB. A intensidade só deveria ser aumentada se não houvesse mais desconforto pelo sujeito. As orelhas foram estimuladas simultaneamente e durante a estimulação o sujeito e o fonoaudiólogo realizavam uma atividade lúdica, a fim alterar o foco atencional do indivíduo ao som que é desconfortável. As quatro últimas sessões foram destinadas aos sons cotidianos que geravam desconforto, ou seja, aqueles relatados durante a entrevista inicial. Dessa forma, o mesmo princípio foi seguido sendo o estímulo apresentado em caixas de som, em campo sonoro, também, com acréscimo gradativo da intensidade de acordo com as reações do sujeito. Após as oito sessões de intervenção o sujeito foi reavaliado com o Limiar de Desconforto. Resultados: Na avaliação pré-intervenção, o sujeito apresentou limiares auditivos dentro dos padrões de normalidade e curvas timpanométricas do tipo A bilateralmente. Os reflexos acústicos estapedianos não foram pesquisados devido ao grande desconforto do sujeito. De acordo com o Limiar de Desconforto, identificou-se hiperacusia severa em ambas as orelhas. As principais queixas do sujeito eram referentes aos sons de liquidificador, conversas altas e música. Também, havia restrição de participação em atividades sociais. Após a intervenção, observou-se hiperacusia leve em ambas as orelhas através do Limiar de Desconforto. O sujeito voltou a frequentar atividades sociais e não sentia mais incômodo com os sons anteriormente referidos. Conclusão: O protocolo de reabilitação para hiperacusia infantil foi efetivo na melhora do quadro.
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