USO DE AMINOGLICOSÍDEOS EM NEONATOS E A PERDA AUDITIVA EM UM SERVIÇO DE SAÚDE AUDITIVA
Novaes, B.C.A. ;
Guerra, M. E. S. ;
Barasch, S.R.S. ;
Siqueira, D.M. ;
Mendes, B. C. A. ;
Introdução: Os antibióticos aminoglicosídeos são comumente utilizados para o tratamento de sepse por bactérias Gram-negativa em neonatos em unidade de terapia intensiva (UTIN), podendo causar toxicidade otológica dependendo da dose e do tipo do aminoglicosídeo, no entanto em indivíduos com uma predisposição genética, uma mutação de DNA mitocondrial, após uso de apenas uma única dose pode desenvolver perda auditiva imediata e profunda. Na literatura há uma falta de conhecimento geral sobre a prevalência de perda auditiva induzida por aminoglicosídeos em crianças e sobre fatores de risco concomitantes. Objetivo: Analisar a relação entre o uso de aminoglicosídeos em neonatos e a perda auditiva em um serviço de saúde auditiva. Metodologia: O presente estudo retrospectivo, descritivo e quantitativo foi aprovado pelo Comitê de ética n. 59599322.8.0000.5511. Foram analisados 688 registros de prontuários, de todas as crianças de 0 meses a 6 anos de idade que compareceram para diagnóstico audiológico no serviço entre os anos de 2019 e 2021. As informações referentes ao uso de antibióticos aminoglicosídeos utilizados para tratamento de neonatos foram extraídas dos prontuários para análise descritiva e estatística inferencial do estudo. Resultado: De todos os prontuários analisados, 525 (76,31%) crianças concluíram o diagnóstico audiológico, sendo que 68 (12,95%) fizeram uso de aminoglicosídeo por mais de 5 dias. Em relação ao uso de aminoglicosídeos, 50 (73,53%) crianças tiveram o diagnóstico de perda auditiva, sendo, 13 (19,12%) do tipo condutiva, 2 (2,94%) do tipo mista e 35 (51,47%) do tipo neurossensorial. Das perdas auditivas do tipo neurossensorial, a maioria era de grau profundo (42,86%), seguindo por graus severo e moderado (25,71% cada) e apenas 5,71% com grau leve. Foi analisado a associação com outros fatores de riscos concomitantes para perda auditiva, nas crianças com perda auditiva de tipo neurossensorial e verificado: 45,71% com peso menor ou igual 1500g, 45,71% prematuridade extrema e 17,13% com infecção congênita por citomegalovírus, sífilis e herpes simples (5,71% cada) e 14,29% com APGAR menor 6 no 5º minuto de vida. Conclusão: Conhecer a prevalência da perda auditiva causada pelo uso de aminoglicosídeos e associação com outros fatores de risco é especialmente importante para abordagem clínica em crianças em UTIN e nos serviços de saúde auditiva, incluindo investigação da história familiar detalhada, pesquisas de testes genéticos e métodos audiológicos.
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