MIGRÂNEA VESTIBULAR, SEUS SINAIS, SINTOMAS E ABORDAGENS TERAPÊUTICAS: REVISÃO DA LITERATURA
Leite, R. O ;
DIAS, F. A. M. ;
Silva, L. F. ;
DINIZ, M. L ;
Guimarães, R. M. F. ;
Cruz, J. A. N. ;
Castro, A. R. R. ;
Batista, R. J ;
Introdução: A migrânea vestibular (MV) é um dos mais incidentes diagnósticos otoneurológicos, sendo a principal causa de vertigem episódica em adultos e crianças. Pesquisas sobre correlação entre enxaqueca e sintomas auditivo-vestibulares já ocorrem há décadas. Suas características clínicas foram explicitadas no consenso de 2012 da International Headache Association e da Bárány Society sobre seu diagnóstico e tratamento. Objetivo: Revisar a literatura dos últimos 10 anos acerca dos sinais, sintomas e do tratamento da MV. Metodologia: A presente revisão integrativa da literatura objetivou responder à pergunta “Quais são os sinais e sintomas otoneurológicos associados à migrânea vestibular descritas na literatura e quais as opções de tratamento mais comumente indicadas na maioria dos casos?”. Para isso, consultou-se as bases de dados Pubmed, Scielo e Lilacs com os seguintes descritores: "Migrânea Vestibular " AND "Tontura" OR "Enxaqueca" AND "Tontura". Considerou-se como critério de inclusão artigos sobre o tema publicados de 2012 a 2022, nos idiomas espanhol, inglês e português. Foi excluída a literatura cinzenta encontrada sobre o tema. Resultados: O diagnóstico da MV é definido por critérios clínicos baseados na história natural da enxaqueca, nos sintomas vestibulares recorrentes, na associação temporal de vertigem com os sintomas de enxaqueca e na exclusão de outras causas. Os principais sintomas incluem cefeléia, vertigem, náuseas, vômitos, fotofobia, fonofobia, osmofobia e cinetose. À avaliação otoneurológica, o indivíduo com MV pode apresentar nistagmo posicional persistente e alteração da perseguição sacádica, sobretudo em pacientes com longa história de MV. Durante a fase aguda, a maioria dos pacientes apresentam um nistagmo espontâneo e/ou posicional com característica de acometimento central ou periférico. O desequilíbrio é um achado comum durante crises agudas. Em relação aos sintomas auditivos, a perda auditiva temporária de grau leve a moderado é menos comum. Alguns pacientes relatam a sensação de ouvido tampado e zumbido, que por se tratar de um sintoma inespecífico, não é usado para critério diagnóstico de MV e, por muitas vezes, pode levar à confusão com o quadro de Doença de Meniére. A alteração na percepção auditiva, como dificuldade de compreensão de fala e fadiga auditiva também são relatos frequentes entre pacientes enxaquecosos. Os gatilhos para as crises de MV podem ser sono, estresse, variações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual, hábitos alimentares inadequados e hiperestimulação sensorial. O tratamento profilático medicamentoso tem sido o mais indicado pelos médicos otoneurologistas para crises de MV frequentes e intensas. Ademais, a abordagem comportamental centrada na mudança de hábitos e identificação de gatilhos também se mostrou eficaz na prevenção e suavização dos sintomas da MV. Complementar à atuação médica, a Reabilitação Vestibular feita pelo fonoaudiólogo tem sido consistentemente indicada e benéfica aos pacientes. Conclusão: Devido à relevância da MV na clínica otoneurológica, é de fundamental importância o conhecimento do fonoaudiólogo audiologista sobre suas apresentações clínicas e possibilidades terapêuticas a fim de que sua conduta seja assertiva, prezando a otimização do tempo de tratamento e sua efetividade.
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