TESTE DICÓTICO CONSOANTE VOGAL SENSIBILIZADO – CONSTRUÇÃO E VALIDAÇÃO DO INSTRUMENTO EM PORTUGUÊS BRASILEIRO.
Picoli-Quatrini, E. A. ;
ZANCHETTA, S. ;
FUKUDA, M. T. H. ;
Introdução: A vantagem da orelha direita (VOD) é um biomarcador em sujeitos destros investigada por meio da escuta dicótica, nas condições atenção livre (AL), escuta direcionada à direita (EDD) e esquerda (EDE). A variabilidade do número de acertos da orelha direita (OD) nestas três condições, calculada pelo índice de predomínio da orelha (IPO) vem sendo estudada na população de meia idade e idosa em face a funções executivas. Para estas análises é importante que o teste dicótico utilizado siga as recomendações internacionais, não apresente efeito teto e reflita a vantagem da orelha direita, em qualquer idade. Objetivo: Desenvolver um teste dicótico consoante vogal (TDCV) e analisar sua aplicabilidade quanto aos aspectos da VOD, IPO e efeito teto. Método: Estudo prospectivo desenvolvido com aprovação do Comitê de Ética da Instituição. Foi construído um TDCV com as sílabas /DA/, /TA/, /PA/, /BA/, /GA/ e /KA/, de acordo com as recomendações internacionais. Com as 30 combinações possíveis foram gravadas 15 sequências, com intervalo entre elas de 4 segundos; em cada sequência constavam dois pares de sílabas, com intervalo de 2 segundos entre elas, com alinhamento temporal de início. Foram realizadas mais três gravações, a primeira com um tom puro de 1 kHz para ajuste do VU meter, a segunda com as seis sílabas apresentadas uma a uma, para a etapa reconhecimento e nomeação, e a terceira foi denominada de treino, com quatro sequencias, cada uma com dois pares. Na etapa dois foi conduzida a aplicação dos testes em adultos, com idade de 18 a 39 anos, de ambos os sexos, todos destros e com no mínimo 2º grau completo. Participaram 49 sujeitos, todos com limiares tonais ≤ 20 dB NA nas frequências de 0.25 a 8 kHz, incluindo as meias oitavas. A testagem foi realizada nas condições de AL, EDD e EDE. Resultados: Condição de AL, 15 (mediana) acertos à OD (10 - 24) e 9 à OE (5-15) e 6 erros (0 - 11). Condição EDD, 19 acertos à OD (13 - 28) e 7 à OE (0 - 11) e 4 erros (1 - 14). Condição EDE, 10 acertos à OD (4 - 16) e 13 à OE (8 - 25) e 6 erros (1 - 12). A análise multivariada não paramétrica para amostra pareada mostrou que houve diferença significativa dos acertos da OD entre as três condições de escuta (p<0,0001*) e nas três comparações AL vs EDD (p=0,0003*), AL vs EDE e EDD vs EDE (p<0,0001*). O mesmo tipo de análise para os acertos da OE também mostrou diferenças significativas (p<0,0001*) e nas três comparações AL vs EDD (p=0,0073*), AL vs EDE e EDD vs EDE (p<0,0001*). O índice de predomínio da orelha direita foi 25%, 46,1% e -13,0%, respectivamente AL, EDD e EDE. Conclusão: Os resultados obtidos com o teste desenvolvido mostraram que ele foi eficiente em demonstrar a VOD, a variabilidade do IPO nas diferentes condições de testagem e não apresentou efeito teto.
HUGDAHL, K.; WESTERHAUSEN, R. Speech processing asymmetry revealed by dichotic listening and functional brain imaging. Neuropsychologia. 93(Pt B): 466-481, 2015.
PRICE C., DEVLIN J. The interactive account of ventral occipitotemporal contribution to reading. Trends in Cognitive Science, 15, 246–253, 2011.
WESTERHAUSEN R. A primer on dichotic listening as a paradigm for the assessment of hemispheric asymmetry. R. Laterality. 2019.
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