Violência no contexto de deficiência auditiva/surdez: julgamento dos indivíduos
Kawamura, J. C. ;
Bernal, R. O. ;
Bonfim, E. O. ;
Marques, D. V. ;
Oliveira, J. R. M. ;
Mondelli, M. F. C. G. ;
Introdução: A comunicação entre o deficiente auditivo e seu interlocutor pode ser difícil na dependência de muitos fatores como tipo e grau da deficiência auditiva, não utilização de AASI e ou mesmo devido ao perfil do interlocutor. Atitudes de violência, seja física, verbal ou psicológica, entre outras na comunicação, são mais comuns do que se tem conhecimento. Ter condutas adequadas frente a essas atitudes é importante e faz parte da assistência que profissionais como fonoaudiólogos, psicólogos e assistentes sociais podem prestar ao deficiente auditivo. Objetivo: verificar, por meio de questionário auto aplicável, questões sobre a “violência no contexto de deficiência auditiva/surdez” nas situações de comunicação do cotidiano. Metodologia: estudo transversal, clínico, com aprovação ética (5.167.261). A amostra foi composta por 50 indivíduos com deficiência auditiva, sendo adultos e idosos matriculados no serviço de saúde auditiva, usuários ou não de Aparelho de Amplificação Sonora Individual, dos quais foram coletados dados do questionário auto administrado e validado por juízes com expertise de título “Questionário sobre investigação da violência no contexto da deficiência auditiva/surdez” durante a rotina de atendimento. Resultados: Todos os indivíduos que sofreram “violência” informaram que estas foram dos tipos verbal e psicológica, trazendo consequências sociais e psicológicas como isolamento, baixa autoestima e tristeza. A violência foi praticada, em sua maioria, por familiares e conhecidos e neste âmbito a pior consequência foi a separação conjugal. A frequência foi alta ocorrendo em vários ambientes, até mesmo em momentos de lazer. Os participantes acreditam que aconteceu por serem deficientes auditivos, porém quem praticou apresentava conhecimento dessa deficiência. Muitos participantes informaram que foi necessário algum tipo de apoio para superação, inclusive com o uso de medicação. Sobre a estratégia de autoadvocacia, a maioria não conhece seu significado, mas acredita ser muito importante e necessária. Os participantes também informaram que consideram essencial o trabalho do assistente social e fonoaudiólogo para a promoção dessa estratégia e de outros auxílios para a situação de violência. Conclusão: deficientes auditivos sofrem violência nas situações de comunicação.
BRASIL. Lei Brasileira de Inclusão da pessoa com deficiência. Presidência da República. Brasília, DF: 2015. Disponível em: L13146 (planalto.gov.br). Acesso em: 18 set 2021.
DAHLBERG, L. L.; KRUG, E. G. Violência: um problema global de saúde pública. Relatório mundial sobre violência e saúde, 2006. 16 p.
FRANCELIN, M. A. S; MOTTI, T. F. G; MORITA, I. et al. As implicações sociais da deficiência auditiva adquirida em adultos. Saúde e Sociedade. São Paulo: Scielo, 2010.
DADOS DE PUBLICAÇÃO