RELATO DE UM ANO DE PROGRAMA DE TRIAGEM AUDITIVA UNIVERSAL BRASILEIRO
Pereira,E. ;
Hoffmann, J. ;
Zimmermann,F. ;
Silva,D. P. ;
Título: Relato de um ano de um programa de triagem auditiva neonatal universal brasileiro
Introdução: A perda auditiva não identificada ao nascimento pode afetar adversamente o desenvolvimento da fala e da linguagem, bem como o desempenho acadêmico e o desenvolvimento socioemocional. Historicamente, a perda auditiva moderada a grave em crianças pequenas não era detectada até bem depois do período neonatal. Cerca de 0,5 a 5 em cada 1.000 recém-nascidos e bebês apresentam deficiência auditiva sensorioneural congênita ou de início na primeira infância. Quando a identificação e a intervenção ocorrem antes dos 6 meses de idade, os bebês apresentam desempenho mais próximo do par ouvinte. Portanto, a detecção precoce é de vital importância. Em 2010, a triagem auditiva passou a ser obrigatória nas maternidades brasileiras. Objetivo: Relatar os resultados de um ano de um programa universal de triagem auditiva neonatal do Sul do Brasil. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal realizado de janeiro a dezembro de 2022 em uma maternidade do Sul do Brasil. O trabalho foi aprovado no comitê de ética em pesquisa (CAAE: 46189021.2.0000.0121). Foram avaliados neonatos com e sem risco para deficiência auditiva que realizaram o exame de emissões otoacústicas evocadas por estímulo transiente e/ou potencial evocado auditivo de tronco encefálico automático, antes da alta hospitalar. Os dados foram apresentados de forma descritiva. Resultados: O número total de nascidos vivos durante o período do estudo foi de 6020. Destes, 5832 realizaram a triagem para perda auditiva, dando uma cobertura triagem de 96,87%, 418 realizaram PEATE automático. Em relação às falhas, 112 (1,92%) foram encaminhados para reteste e 18 (16%) perderam o seguimento. De todos que realizaram a triagem, 30 (0,5%) dos neonatos com e sem risco para deficiência auditiva foram encaminhados para diagnóstico audiológico. Em relação aos indicadores de risco para a deficiência auditiva, o uso de ototóxicos por mais de cinco dias (n=131; 2,24%), sífilis (n=88; 1,5%), baixo peso ao nascimento (n=57; 0,97%), toxoplasmose (n=56; 0,96%) foram os mais frequentes. Em relação à infecção por coronavírus, 19 (0,32%) neonatos eram filhos de mães que tiveram a doença. Conclusão: Este programa de triagem auditiva neonatal universal apresentou alta cobertura, baixos índices de falha e encaminhamento para diagnóstico, entretanto a perda de seguimento ainda é um fator a ser melhorado. Todo esforço deve ser feito para completar os testes de triagem antes da alta hospitalar e a equipe de triagem deve encorajar ativamente os pais a participarem de todos os estágios da detecção precoce.
Sena TA, Ramos N, Rodrigues GRI, Lewis DR. Comparação do tempo de dois procedimentos com novas tecnologias de potencial evocado auditivo de tronco encefálico automático (PEATE-A). CoDAS. 2013;25(1):34-8. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S2317-17822013000100007
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