ACURÁCIA DE INSTRUMENTOS DE TRIAGEM AUDITIVA VIA TELECONSULTA EM CRIANÇAS DE ZERO A TRÊS ANOS
GALDINO, T.F.L ;
NASCIMENTO, G.F.F ;
SILVA, A.S.M ;
OLIVEIRA, T.S ;
CUNHA, B.K.S ;
NUNES-ARAUJO, A.D.S ;
BALEN, S.A ;
Introdução: O processo maturacional do sistema auditivo e da plasticidade neuronal da via auditiva são primordiais para o desenvolvimento das habilidades auditivas e de linguagem. Nesse contexto, a triagem auditiva neonatal (TAN) é um procedimento obrigatório com objetivo de identificar precocemente a deficiência auditiva, possibilitando seu diagnóstico e intervenção, porém algumas barreiras ainda existem no monitoramento das crianças que possuem indicadores de risco auditivo (IRDA). Diante disso, estratégias com validade são necessárias para alcançar o maior número de crianças ao longo dos primeiros anos de vida, principalmente as que não realizaram a TAN e aquelas que apresentam algum IRDA. Nos últimos anos, o teleatendimento se mostrou uma ferramenta eficaz para o acompanhamento de diversos grupos, Na área do rastreio audiológico de bebês ainda há carência em instrumentos com validade, Estes podem otimizar o fluxo de encaminhamento na atenção primária em saúde para a rede especializada, minimizando os riscos do diagnóstico tardio. Objetivo: Verificar a acurácia de dois instrumentos: “Questionário de acompanhamento da função auditiva e de linguagem” (QAFAL- Alvarenga et al., 2013) e “Escala Brasileira de Desenvolvimento de Audição e Linguagem” (EDAL-1) como triagem auditiva em crianças de 0-3 anos via teleconsulta. Metodologia: Estudo de diagnóstico, aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP 3.360.661). A casuística envolveu bebês nascidos nas maternidades públicas da cidade. A coleta de dados foi realizada entre o período de março de 2019 a 2020 e de março de 2021 a dezembro de 2022. Os instrumentos foram aplicados remotamente com as mães/responsáveis via Plataforma de Teleconsulta do Programa de Telessaúde do Rio Grande do Norte (RN), sob condução dos fonoaudiólogos pesquisadores inseridos no projeto. Os dados coletados nos questionários foram inseridos no Google Forms®, analisados e comparados com as Emissões Otoacústicas Evocadas Transientes (EOAT) realizadas presencialmente no Smart EP (Inteligent Hearing System). Foi realizada a análise de passa e falha em cada um dos instrumentos isoladamente em comparação ao passa e falha nas EOAT (teste padrão-ouro). Desta forma, estabeleceu-se sensibilidade, especificidade, valor preditivo positivo e negativo, bem como acurácia dos instrumentos de triagem auditiva com IC de 95%. Resultados: A população deste estudo foi composta por 178 crianças, sendo incluídas 92 crianças (de 0 a 3 anos, 45 do sexo masculino). Entre estas crianças 79 (85,86%) apresentavam algum fator de risco para a deficiência auditiva. Constatou-se 37,5% de sensibilidade e 89,41% de especificidade no QAFAL, já o EDAL 50% de sensibilidade e 82,14% de especificidade. Quando foi analisada a combinação entre os dois instrumentos a sensibilidade foi de 50% e a especificidade de 73,80%. Conclusão: Os instrumentos QAFAL e EDAL embora apresentaram especificidade acima de 80%, tiveram baixa sensibilidade mesmo quando seus resultados foram associados. É interessante analisar em estudos futuros a acurácia destes instrumentos para identificação de perdas auditivas incapacitantes, visto que as confirmadas neste estudo eram de grau leve e condutivas. Investir em instrumentos desta natureza pode ser uma alternativa viável para o telemonitoramento audiológico nos primeiros anos de vida.
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