POTENCIAL EVOCADO COGNITIVO EM ADULTOS NORMO-OUVINTES: COMPARAÇÃO ENTRE AS CONDIÇÕES ATIVA E PASSIVA DO PARADIGMA DE ODDBALL
Silva, N. S. ;
Canto Pereira, V. R. ;
Balen, S. A. ;
Vasconcelos, I. C. ;
Spinelli, B. G. ;
Morya, E. ;
Introdução: As respostas do córtex auditivo à apresentação de estímulos acústicos podem ser avaliadas por diversos métodos, como por potenciais evocados auditivos (PEA), medidas eletrofisiológicas da atividade da via auditiva. Nos PEA de longa latência destacam-se o complexo P1-N1-P2 e o P300 ou Potencial Evocado Cognitivo (PEAC), relacionado à percepção, discriminação e reconhecimento dos estímulos auditivos em nível cortical. O PEAC é um pico de onda positivo que aparece entre 220 e 380 ms após a percepção de um estímulo distrator em meio a uma sequência de estímulos iguais (numa apresentação aleatória e proporcional, chamada de paradigma de oddball). Subdivide-se em dois subcomponentes, o P3a, que representa uma resposta automática e subconsciente a uma tarefa de escuta passiva de dois tipos de estímulo, e o P3b, visualizado em tarefas de tomada de decisão frente à discriminação ativa dos estímulos. A literatura científica indica que tais subcomponentes apresentam distintos valores de latência e amplitude em decorrência dos substratos fisiológicos recrutados em cada um. Objetivo: investigar as respostas de PEAC com estímulos de fala, em ambos os paradigmas oddball, em adultos normo-ouvintes nas condições ativa e passiva. Metodologia: Este trabalho foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (n. 4.120.985). Trata-se de um estudo transversal, descritivo e quantitativo. Participaram 20 sujeitos de 18 a 60 anos, ambos os sexos, sem queixas auditivas. Os critérios de inclusão foram: presença de emissões otoacústicas transientes (EOAT), curva timpanométrica tipo A e presença de reflexos acústicos bilateralmente. A pesquisa compreendeu as etapas de recrutamento, entrevista clínica, avaliação auditiva e aquisição do PEAC com estímulos de fala (sílabas /ba/ e / da/) nas condições passiva (escuta passiva dos estímulos) e ativa (escuta com contagem dos estímulos raros), com estimulação monoaural em ambas as orelhas. Os potenciais auditivos foram medidos por eletroencefalograma (EEG-Brain Vision) com 32 canais. As medidas de latência e amplitude do PEAC nos canais Cz, T7 e T8 (captando sinais da região temporal) foram extraídas no software BrainVision Analyzer após processamento dos dados com aplicação de filtro de passa-banda (0.5 a 30 Hz), segmentação das épocas, correção de baseline e cálculo da média para os estímulos /ba/ e /ba/ nas condições ativa e passiva. Os dados não passaram no teste de Shapiro-Wilk (p<0.05) , sendo aplicado o teste U de Mann-Whitney para comparação estatística. Resultados: Os valores de latência mostraram-se mais alargados e com mais baixa amplitude na condição passiva (exceto para o estímulo raro em T8, estímulo frequente em Cz e T7). Comparando-se os valores de latência e amplitude do PEAC para cada estímulo nas condições ativa e passiva, apenas para a latência do estímulo /ba/ nos canais T7 e T8, observou-se diferença estatística (p<0.05), sendo a latência na condição passiva maior do que na condição ativa. Conclusão: Os resultados condizem com a descrição na literatura, porém a estatística inferencial demonstra que a diferença entre ambas as condições pode não ser suficientemente relevante. Mostra-se importante a checagem de tais valores em outras regiões do córtex para comparação com outros possíveis sítios geradores destes potenciais.
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